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Demência: a importância do diagnóstico atempado

publicado em 07 Dez. 2020

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, atualmente, em todo o mundo existam cerca de 47,5 milhões de pessoas com demência. A Doença de Alzheimer assume, neste âmbito, uma posição de destaque, representando 60-70% de todos os casos de demência (OMS, 2015).

 

A demência é a designação utilizada para descrever os sintomas de um grupo alargado de doenças que causam um declínio progressivo no funcionamento da pessoa. Apesar das dificuldades de memória serem o sintoma mais conhecido, verificam-se outras alterações ou dificuldades nas funções executivas, que são um conjunto de capacidades cognitivas superiores essenciais para o funcionamento normal do dia a dia (ex: planeamento de ações, resolução de problemas, atenção, realização de competências novas) e nas competências socioemocionais.

 

As formas mais comuns de demência dizem respeito à Doença de Alzheimer (50-70% de todos os casos); Demência Vascular; Doença de Parkinson (na fase mais avançada da doença, algumas pessoas podem desenvolver demência); Demência de Corpos de Lewy; Demência Frontotemporal (Demência Fronto-Temporal, Afasia Progressiva Não-Fluente, Demência Semântica e Doença de Pick); Doença de Huntington; Demência provocada pelo álcool (Síndrome de Korsakoff); e Doença de Creutzfeldt-Jacob.

 

Apesar da maioria das pessoas com demência ser idosa, importa salientar que nem todas as pessoas idosas desenvolvem demência e que esta não faz parte do processo de envelhecimento natural. A demência pode surgir em qualquer pessoa, sendo, contudo, mais frequente a partir dos 65 anos, excecionalmente na faixa etária dos 40 aos 60 anos, muitas vezes, mimetizada com síndrome confusional, depressão, infeções e tumores cerebrais, carências vitamínicas e hormonais, por apresentarem sintomas idênticos, porém, quando estes quadros são tratados, a sintomatologia desaparece. É essencial que o diagnóstico clínico seja realizado numa fase inicial, quando surgem os primeiros sintomas (ex: perda de memória frequente e progressiva, confusão, alterações da personalidade, apatia e isolamento, perda de capacidades para a execução das tarefas diárias), de forma a garantir que a pessoa é diagnosticada e tratada corretamente.

 

A confirmação do diagnóstico requer uma avaliação clínica multidisciplinar que engloba uma cuidadosa avaliação cognitiva, funcional, comportamental (neurologia, neuropsicologia, psicologia…). Na presença de uma história clínica com sintomas e sinais compatíveis e de uma avaliação neuropsicológica positiva, será necessário, sob orientação de um médico com competência específica na área da demência, a realização de exames complementares de diagnóstico específicos (biomarcadores e imagiologia), solicitados consoante o tipo de demência em causa.

 

Apesar de não existir prevenção nem cura para a maioria das formas de demência, o diagnóstico precoce com recurso a uma equipa especializada e multidisciplinar, e o desenvolvimento de planos de intervenção individuais, com terapias adaptadas, promovem a manutenção da autonomia e o reforço da autoestima.

 

O suporte é vital para as pessoas com demência. No entanto, não podemos descurar o papel do cuidador informal, pelo que é fulcral que este obtenha apoio psicológico, na certeza de que tal poderá fazer diferença na forma de lidar com a doença.