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Diagnóstico Precoce de Cancro da Cabeça e Pescoço

publicado em 22 Ago. 2017

O cancro da cabeça e pescoço engloba toda a patologia maligna que surge nas zonas da cabeça e pescoço excluindo o sistema nervoso central, área esta do domínio da Neurologia/Neurocirurgia.

 

Os tumores malignos da cabeça e pescoço são apenas detetados em estádios precoces pela observação clínica, não existindo método analítico ou imagiológico que ultrapasse o exame objetivo de Otorrinolaringologia.

 

Muitas das vezes surgem lesões milimétricas que só a experiência e acutilância médica podem definir como lesões a esclarecer através da respetiva biópsia.

 

Infelizmente toda a boa vontade ou “marketing” de rastreio nestes tipos de tumores tem conduzido a resultados nada positivos dado que apenas se inscrevem nesses rastreios os doentes cancerofóbicos (medo do cancro) ou consumidores compulsivos de saúde.

 

As pessoas de maior risco, género masculino, décadas de 50 ou 60 anos, fumadores e com hábitos alcoólicos, tendem a fugir do exame médico “cobrindo o sol com a peneira”.

 

Atualmente também estão incriminados fatores de risco de ordem sexual originado pelo vírus HPV (Papilloma Vírus Humano).

 

No cancro da nasofaringe o vírus de Epstein Barr é o agente mais incriminado nesta situação.

 

Os doentes mais idosos, mesmo sem fatores de risco, também estão sujeitos a apresentar patologia maligna, se bem que na maioria das situações se encontrem patologias degenerativas próprias da idade avançada.

 

Os sintomas de alerta e/ou alarme nas lesões iniciais podem corresponder a apenas dor de garganta e/ou de ouvidos persistentes, pequenas e repetidas hemorragias na boca, hemorragias nasais (particularmente em trabalhadores em contacto com serradura de madeiras exóticas ou outros agentes químicos reconhecidamente cancerígenos), rouquidão recente com mais de 15 dias ou seu agravamento, dificuldade em engolir ou tendência a entalar-se e o aumento de volume ou ”papos “ no pescoço, duros e não dolorosos.

 

Os exames prescritos (Tomografia Axial Computorizada ou Ressonância Magnética Nuclear) após o diagnóstico destas lesões (baseado sempre no resultado da biópsia) são essenciais para definir as dimensões da lesão loco-regional e excluir a disseminação à distância (curiosamente não muito comuns neste tipo de patologia).

 

Importa salientar que perante qualquer gânglio cervical aumentado de volume num adulto (adenopatia) deverá o doente prioritariamente ser bem observado por um Otorrinolaringologista, dado que lesões mínimas da área buco-faringo-laringea podem manifestar-se dessa maneira.

 

Os tumores iniciais classificados como T1 particularmente os da laringe têm a possibilidade de serem tratados com ressecções cirúrgicas mínimas (sem alterações significativas da anatomia normal) ou até mesmo com radioterapia, com curas aos 5 anos de mais de 90%.

 

A melhor orientação para o diagnóstico precoce do Cancro da Cabeça e Pescoço é indissociável da observação clínica, independentemente do enorme arsenal diagnóstico hoje ao dispor da Medicina.

 

Fonte: (#McArdle O, O`Mahony D. Oncology, Philadelphia, Elsevier;2008:pp58-63. #Lefebre J-L, Chevalier D. Cancer du larynx.EMC, Paris, Elsevier, Oto-rhino-laryngologie; 2005: 20-710-A-10.)