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Dificuldade em engolir: como tratar?

publicado em 21 Nov. 2021

A dificuldade em engolir ou deglutir (disfagia) é um motivo frequente de consulta de Otorrinolaringologia (ORL). As causas podem ser variadas, incluindo a patologia inflamatória/infeciosa, tumoral ou neurológica. Perante um doente com estas queixas, é essencial uma história clínica detalhada (questionar o doente sobre os seus sintomas e hábitos, como tabagismo e alcoolismo) e um exame de ORL, complementado com endoscopia da via aérea e digestiva superior, de modo a identificar a causa e orientar o tratamento.

 

Se um doente apresentar dificuldade em engolir, sobretudo se associada a dor, engasgamento, rouquidão ou dificuldade em respirar, sensação de corpo estranho na faringe (“talo na garganta”) ou tumefação cervical (“inchaço no pescoço”), deve procurar um médico Otorrinolaringologista.

Os doentes com consumo de tabaco desde há vários anos, associado ou não ao consumo de bebidas alcoólicas, apresentam maior risco de desenvolver tumores da região da cabeça e pescoço, pelo que a presença de alguns destes sintomas deve levar a uma observação precoce.

Sempre que justificável, são necessários exames complementares de diagnóstico, nomeadamente: ecografia cervical e da glândula tiroideia, tomografia computorizada (TC) ou ressonância magnética nuclear (RMN) da região cervical ou crânio-encefálica (se suspeita de doença neurológica). Em alguns casos poderá ser necessária uma avaliação pela especialidade de Gastrenterologia, de modo a complementar o estudo através de uma endoscopia digestiva alta ou outros exames desta especialidade. Em casos selecionados, o médico de ORL poderá necessitar de realizar um estudo mais detalhado, designado por vídeo endoscopia da deglutição (VED), o qual consiste na realização de uma endoscopia enquanto o doente ingere alimentos de diferentes consistências.

 

O tratamento irá depender da causa da dificuldade em deglutir, como, por exemplo, em casos de patologia infeciosa poderá implicar a toma de antibióticos ou antifúngicos, ou em casos de refluxo faringo-laringeo a toma de “protetores gástricos”. O tratamento poderá também implicar a avaliação por um terapeuta da fala e da deglutição, modificação da consistência dos alimentos (exemplo, adicionar espessante) ou, em casos mais graves, a realização de uma gastrostomia percutânea endoscópica (pequeno tubo que se conecta diretamente ao estômago do doente) de modo a permitir a alimentação de uma forma segura e eficaz.