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Miastenia Gravis: existe tratamento!

publicado em 18 Dez. 2020

A Miastenia Gravis (MG) é uma doença neurológica autoimune crónica que causa fraqueza muscular. Afeta cerca de 1 a cada 5000 pessoas e pode ocorrer em qualquer idade, sendo mais comum em mulheres com menos de 40 anos e em homens com mais de 50 anos.

 

Existem duas formas principais de MG. Quinze a 25% das pessoas têm MG com envolvimento puramente ocular, caraterizando-se por queda das pálpebras (ptose) e visão dupla (diplopia). Porém, na maioria dos doentes, a doença acaba por envolver também os restantes músculos do corpo – MG generalizada. Neste caso, o doente pode referir dificuldade em suster a cabeça (por fraqueza dos músculos do pescoço), nas atividades físicas básicas (como levantar e sentar na cadeira, dificuldade em segurar objetos, quedas) e alterações da marcha. Em alguns casos, os músculos da mastigação e da garganta são afetados (chamado envolvimento bulbar). Nestes casos, sintomas como dificuldade em mastigar e engolir, engasgamentos, fala arrastada ou nasalada podem surgir.

 

O que carateriza a fraqueza da MG é o facto de ser flutuante e fatigável, isto é, surgir e agravar com a repetição do mesmo movimento e melhorar com o repouso. De igual modo, a fraqueza é pior ao final do dia e habitualmente os doentes sentem- se melhor de manhã. Outros fatores reconhecidos de agravamento da doença são infeções, certos medicamentos e o stress. Em alguns casos, a dificuldade em respirar pode fazer parte da apresentação inicial ou surgir no curso da doença.

 

A MG é uma doença que afeta a transmissão neuromuscular, ou seja, a transmissão de informação entre o nervo e o músculo, que permite a sua contração. Trata-se de uma doença autoimune, significando que o sistema imunitário ataca erroneamente uma parte saudável do corpo. No caso da MG, mais frequentemente existem anticorpos que destroem os recetores da substância mensageira que é libertada pelos nervos para a transmissão neuromuscular: a acetilcolina. O timo tem um papel importante na produção destes anticorpos, sendo que 15% dos doentes com MG apresentam um tumor (timoma) e 65% aumento do seu tamanho (hiperplasia).

 

O diagnóstico da doença é efetuado a partir dos sintomas relatados pelos doentes e da avaliação realizada pelo neurologista, sendo apoiado por exames dirigidos. São realizadas análises sanguíneas, que incluem testes específicos da doença (como os anticorpos mencionados previamente). São também solicitados testes neurofisiológicos específicos, que avaliam a transmissão entre o nervo e o músculo (eletromiografia, estudos de condução nervosa, eletromiografia de fibra única). Faz parte ainda do estudo a avaliação torácica, sendo possível verificar se existe hiperplasia do timo ou timoma. O diagnóstico nem sempre é linear e múltiplos exames podem ser necessários.

 

A MG é uma doença tratável. Os fatores de agravamento devem ser evitados por todos os doentes. Este aspeto inclui, por exemplo, evitar atividades extenuantes e prevenir infeções (vacinação da gripe, por exemplo). Particular atenção deve ser dada ao uso de medicamentos e o diagnóstico deve ser transmitido a qualquer médico. Está disponível online uma lista dos medicamentos que agravam a doença, para que possam ser evitados. O tratamento específico para a doença inclui medicamentos que melhoram a transmissão neuromuscular, sendo por vezes necessário também tratamento que modela o sistema imunitário (como corticosteroides ou imunossupressores). Nos casos em que a doença está associada a timoma, a sua remoção é necessária.

 

Raramente, a doença pode ter agravamento rápido e/ou surgir dificuldade respiratória. Nestes casos (crise miasténica), há necessidade de tratamento urgente, com recurso a internamento e tratamento endovenoso.

 

Embora possa colocar em risco a vida do doente em situações específicas, como as supracitadas, a MG habitualmente tem bom prognóstico quando adequadamente tratada, permitindo uma vida totalmente normal.

 

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