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Tumefações cervicais

publicado em 18 Abr. 2018

As tumefações cervicais, vulgo “papo” ou “inchaço do pescoço”, são uma preocupação natural de qualquer doente e corresponde por vezes a um desafio médico no diagnóstico definitivo deste sinal clinico.

 

Face às relações anatómicas e de drenagem linfática é essencial a observação minuciosa e experiente dum Otorrinolaringologista para evitar dispêndio de tempo e exames na procura do diagnóstico definitivo.

 

Existem predominantemente duas situações distintas: as agudas, de curta duração de início (dias) e as de tipo de tipo crónico, com evolução de semanas a meses.

 

As primeiras são sobretudo inflamatórias/infeciosas e apresentam-se com dor bem definida na zona cervical, por vezes também com congestão (“vermelhidão”).

 

Dentro destas temos: os quistos congénitos, que se evidenciaram pelo quadro agudo da infeção (tendencialmente mais frequentes em jovens) e, por outro lado, temos as complicações súbitas de abcessos dentários ou infeções da faringe, os chamados abcessos cervicais profundos (que surgem em qualquer idade).

 

Centrando-nos nos abcessos cervicais, se for confirmada a sua existência por Ecografia e/ou Tomografia Computorizada, estes necessitam de tratamento emergente (drenagem sob anestesia geral).

 

Quanto às tumefações de mais longo curso de evolução, até por ocorrerem com dor limitada ou até mesmo indolores, embora possam corresponder a tumores primitivos (situações estas muito raras), na maioria dos casos são adenopatias (gânglios ou conjunto de gânglios linfáticos) resultantes de manifestações metastáticas (disseminação loco-regional ou a distância) de doenças cancerígenas da cavidade oral, faríngea e /ou laríngea. De facto, existe uma tendência dos doentes, que são na sua maioria do género masculino, a “esconderem” o seu problema e a surgirem tardiamente numa consulta com lesões muito avançadas.

 

O grau de suspeição destes últimos casos recaem sobretudo em pacientes com hábitos tabágicos e/ou alcoólicos, no grupo etário a partir dos cinquenta anos. Contudo, não podem ser descartados casos em pacientes mais jovens cuja origem cancerígena pode surgir por infeção vírica, i.e. HPV.

 

É conveniente não esquecer a relativa frequência de gânglios cervicais aumentados nas suas dimensões (até cerca de 2 cm), chamadas mais rigorosamente adenomegalias, que surgem nas crianças e cujo significado clinico é irrelevante.

 

Pelo exposto se infere da necessidade absoluta (e o mais precoce possível) da observação e orientação terapêutica por Otorrinolaringologia deste tipo de situações clínicas conforme constam nas “Guidelines” (linhas de orientação) internacionais e que melhor se coadunam com uma prática clínica adequada.