Algumas pessoas apresentam Reações Adversas aos Alimentos (RAA). Este conceito inclui as seguintes duas entidades mórbidas: Intolerância Alimentar (IA) e Alergia Alimentar (hipersensibilidade). Embora diferentes, estas duas patologias são frequentemente confundidas.
Intolerância Alimentar (IA)
A IA não apresenta risco de vida, os sintomas são geralmente menos graves e frequentemente limitados a manifestações digestivas (diarreia, cólica, vómitos, distensão abdominal, etc.). Habitualmente, é diagnosticada por dietas de eliminação, prova de provocação oral ou testes respiratórios, como no caso da intolerância à lactose e frutose. Na IA, quanto maior for a quantidade do alimento ingerido, mais notórias são as manifestações, e ocorre por:
- Alteração do metabolismo ou digestão dos alimentos (ex.: défice enzimático de lactase, na intolerância à lactose);
- Intolerância a aminas vasoativas (ex.: provocadas pela histamina e tiramina, presentes no queijo e vinho) ou a aditivos alimentares (sulfitos, nitratos, etc.).
Felizmente, a maioria das RAA é devida a IA.
Alergia Alimentar (AA)
A AA ocorre devido a três mecanismos imunológicos:
- Alergia imediata, mais frequente e mais bem estudada, mediada por anticorpos de classe IgE;
- Células (alergia tardia ou não imediata): D. Celíaca, Esofagite Eosinofílica (EoE), Gastroenterite e Proctocolite Eosinofílica;
- Misto IgE e células.
As AA podem apresentar sintomas graves e inclusive comportar risco de vida, entre as quais manifestações cutâneas, respiratórias, gastrointestinais e cardiovasculares, tais como: urticária, dermatite atópica, angioedema, síndrome da alergia oral, broncoespasmo, rinite, vómito cíclico, cólicas, diarreia e até choque anafilático. Qualquer alimento pode desencadear uma AA, mas leite, ovos, peixe, marisco, leguminosas, cereais, frutos frescos e secos são responsáveis por 90% destas reações.
As alergias imediatas são devidas a uma reação exagerada do sistema imunitário (SI) contra as proteínas (alergénio) dos alimentos e costumam ocorrer pouco tempo após a ingestão do alimento (<2h). A resposta normal do nosso SI é a tolerância e este tem de ser educado para aceitar o estranho como seguro.
A AA não é dose dependente, ou seja, uma quantidade mínima pode produzir uma reação grave e fatal. Afeta sobretudo crianças e na maior parte das vezes resolve-se até à idade escolar, mas pode persistir até vida adulta. Se iniciada na idade adulta, é menos provável o seu desaparecimento.
Apresenta uma forte componente genética e a sua incidência tem vindo a aumentar, provavelmente pela exposição tardia aos antigénios alimentares. O seu diagnóstico envolve a história clínica, devendo ser dado ênfase aos alimentos ingeridos antes das reações e ao tempo que decorreu até ao aparecimento dos sintomas. Os testes de pele por picada (prick e prick-prick test) são fundamentais e existem outros testes auxiliares de diagnóstico, nomeadamente: o doseamento IgE sérico específico a determinado alimento; a prova de provocação oral; a dieta de eliminação. Os anti-histamínicos são muitas vezes prescritos.
Constatada uma alergia a determinado alimento, o tratamento passa por evitá-lo, seus derivados ou quaisquer outros que o contenham. A imunoterapia específica com alimentos constitui uma opção terapêutica promissora.
Nas unidades hospitalares Trofa Saúde dispomos de uma equipa de médicos especialistas em Gastrenterologia, com vasta experiência e com acesso aos mais avançados meios de diagnóstico e terapêutica, para uma deteção e tratamento mais céleres e pormenorizados. Se o seu organismo faz uma reação adversa a algum alimento, seja consultado por um médico e melhore a sua qualidade de vida!