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Tendinite patelar. Vai começar a fazer desporto? E os seus joelhos?

publicado em 25 Set. 2017

A tendinite rotuliana é uma doença que pode levar a grande incapacidade na prática do desporto. Foi descrita como uma doença do tendão rotuliano na sua inserção na rótula em atletas que praticam salto à distância, daí ser conhecida como joelho do saltador.

 

É um dos problemas mais comuns do joelho em atletas, afetando sobretudo os homens e é causada pelo excesso de carga sobre os tendões da articulação durante o salto, sendo mais frequente no basquetebol, voleibol, futebol.

 

A origem é multifatorial, estando implicadas causas intrínsecas (relacionadas com o indivíduo) e causas extrínsecas (externas ao indivíduo). São causas intrínsecas o excesso de peso, o mau alinhamento do membro inferior ou da rótula, dismetrias dos membros inferiores, a falta de flexibilidade, desequilíbrios musculares e a falta de preparação física. Os fatores externos estão relacionados com o tipo de treino (frequência, número de horas de treino por semana, intensidade dos treinos e competições, má técnica, alterações súbitas da intensidade e duração dos anteriores), com o equipamento (calçado desportivo e outros), tipo de superfície do solo e condições ambientais.

 

A carga excessiva pode causar pequenas lesões na fibra do tendão, que reage aumentando a produção de colagénio e matriz. Mas esse processo é lento e a carga adicional aplicada vai desencadear novas lesões que não têm tempo para se reparar, desenvolvendo-se a doença.

 

Na realidade, na grande maioria dos casos não se trata de tendinite, mas sim tendinose porque o tendão está degenerado (adulterado/corrompido), sem sinais clínicos ou histológicos de processo inflamatório.

 

Os sintomas são dor anterior do joelho localizada abaixo da rótula, relacionada com atividade física, de início insidioso e gradual, devido ao aumento da quantidade e intensidade do treino. Pode progredir, tornando-se presente durante o exercício interferindo significativamente com o desempenho do mesmo. É comum a dor com o joelho fletido por longo tempo e ao subir e descer escadas. Pode tornar-se permanente, mesmo em repouso.

 

Na avaliação, o achado mais comum é a dor à palpação do polo inferior da rótula. Outra alteração característica é a atrofia muscular, sobretudo nos casos mais crónicos.

 

O diagnóstico é sobretudo clínico, mas a avaliação deve ser complementada com estudos de imagem. As radiografias simples do joelho podem ser úteis para identificar lesões ósseas associadas, pelo que devem ser pedidas por rotina. Os exames para visualizar o tendão são a ecografia e a ressonância magnética. A ressonância magnética é usada para casos duvidosos, quando é necessário maior detalhe para o diagnóstico diferencial ou avaliação pré-operatória. No entanto, é preciso ter presente que ambos os exames podem detetar alterações do tendão que não correspondem aos sintomas clínicos do paciente, assim como, atletas com quadro clínico de tendinopatia podem apresentar exames normais.

 

O objetivo do tratamento é reduzir a dor e recuperar a função. Deve, de início, ser sempre não-cirúrgico, atuando sobre o tendão doente (repouso relativo, gelo, modalidades fisioterápicas, ondas de choque, medicamentos, exercícios de alongamentos e fortalecimentos) e corrigindo as restantes causas intrínsecas e extrínsecas já descritas. Não resultando o tratamento conservador existe a possibilidade de efetuar outros tratamentos menos invasivos, como a infiltração de plasma rico em plaquetas ou colagénio. Quando falham, e se não houver melhoria dos sintomas após 4 a 6 meses de tratamento bem efetuado, é colocada a indicação para operar.

 

Esta abordagem deve ser multidisciplinar envolvendo na decisão os médicos, fisioterapeutas, treinadores a atletas.

 

Não tratada, a complicação mais comum é a dor persistente no desporto, no entanto é possível uma rotura espontânea do tendão. Esta complicação é grave e obriga a cirurgia imediata.

 

É possível a prevenção!