A obesidade infantil é um dos maiores problemas de saúde pública do século e afeta um número crescente de crianças em todo o mundo.
Nos últimos 35 anos, o número de adolescentes com obesidade quadruplicou. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2022, 37 milhões de crianças com menos de 5 anos e 390 milhões de crianças entre os 5 e os 19 anos apresentavam excesso de peso ou obesidade. O termo obesidade refere-se ao excesso de gordura corporal, normalmente avaliado por meio da relação entre peso e altura, sendo os valores ideais variáveis conforme a idade e o sexo da criança. A obesidade compromete a saúde física, psicológica e social das crianças afetadas e pode ter impactos ao longo de toda a vida. Muitas destas crianças que sofrem de obesidade serão adultos obesos se nada for feito. A intervenção precoce é crucial para minimizar o impacto da obesidade na saúde e na qualidade de vida destas crianças.
Causas da Obesidade Infantil
A obesidade infantil resulta de uma combinação de fatores ambientais, genéticos, comportamentais e sociais, levando a uma ingestão calórica superior à quantidade de calorias gastas. O consumo excessivo de bebidas açucaradas, fast food, a diminuição da atividade física, o aumento das atividades sedentárias, como o uso de ecrãs, a redução do tempo de sono e o uso de medicamentos são fatores que contribuem para o desequilíbrio entre as calorias ingeridas e as calorias gastas.
Consequências da Obesidade Infantil
Os casos de excesso de peso e obesidade infantil vão muito além do impacto estético, uma vez que resultam em alterações nos diversos sistemas do corpo, incluindo:
- Cardiovascular: hipertensão arterial e colesterol elevado;
- Endócrino: maior risco de desenvolver diabetes mellitus tipo 2, síndrome metabólica e síndrome do ovário policístico nas raparigas;
- Gastrointestinal: doença hepática e litíase biliar;
- Ortopédico: maior risco de fraturas e dor musculoesquelética;
- Psicossocial: baixa autoestima, bullying, distorção da imagem corporal, ansiedade, depressão e distúrbios alimentares;
- Pulmonar: apneia do sono;
- Dermatológicas: acantose nigricans, intertrigo, hidradenite supurativa.
Além disso, a obesidade infantil também aumenta o risco de desenvolvimento de cancro na vida adulta.
Intervenção precoce
A intervenção precoce nos casos de excesso de peso e obesidade infantil é essencial para prevenir as consequências destes problemas. Quanto mais cedo a obesidade for identificada e tratada, menor será a probabilidade de a criança desenvolver complicações graves na adolescência e na idade adulta. Esta intervenção deve ser multidisciplinar (com a participação de pediatras, nutricionistas e psicólogos) e inclui acompanhamento médico regular. O objetivo é modificar os fatores que podem contribuir para a obesidade, como hábitos alimentares, prática de atividade física, qualidade do sono e o uso excessivo de ecrãs. A intervenção nesta faixa etária visa a adoção de hábitos saudáveis para toda a vida, e não a implementação de dietas radicais, que podem ser insustentáveis a longo prazo.
Os pais têm um papel fundamental neste processo, sendo os principais agentes na mudança de estilo de vida das crianças, ao estimularem e implementarem hábitos saudáveis para toda a família.
O excesso de peso e a obesidade infantil são problemas complexos que exigem uma abordagem multidisciplinar e uma intervenção precoce. A prevenção e o tratamento eficazes começam com a promoção de hábitos saudáveis desde a infância, a educação das famílias e o apoio contínuo de profissionais de saúde. Quanto mais cedo a obesidade for identificada e tratada, maior será a probabilidade de a criança evitar complicações graves no futuro e crescer de forma saudável, tanto física quanto emocionalmente. Prevenir a obesidade infantil é, sem dúvida, um investimento no bem-estar das crianças e no futuro das próximas gerações.