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Dor Crónica: um desafio que exige empatia, capacitação e ação

publicado em 18 Out. 2024

Neste Dia Nacional da Luta Contra a Dor, somos lembrados da complexidade e impacto profundo que a dor crónica exerce sobre milhões de doentes. Esta não é apenas uma sensação física: é uma experiência nefasta, influenciando o bem-estar emocional, social e até mesmo a dignidade humana de quem a sente.

 

A dor crónica, definida de forma simples como aquela que persiste por mais de três meses, afeta um terço da população adulta em Portugal. Esta realidade torna urgente a melhoria no acesso a recursos e tratamentos, na capacitação da população e na promoção da colaboração entre os diversos níveis de cuidados de saúde. Estes passos serão a base do combate eficaz a este problema de saúde pública.

 

A literacia em saúde é a pedra-basilar da gestão da dor crónica, já que doentes bem informados não só são capazes de gerir melhor a sua condição, como também se tornam parceiros ativos no processo terapêutico. Este conhecimento deve, no entanto, ser comunicado de forma clara e adaptada, evitando a linguagem médica que pode alienar aqueles que mais necessitam de apoio. Afinal, o doente com dor não procura um tratado científico, mas sim orientações práticas que o ajudem a viver melhor o seu dia-a-dia.

 

O conceito de que “nada do que é humano é estranho ao médico”, mencionado pelo Professor Joaquim Pinto Machado, ressoa particularmente quando falamos de dor. A prática médica não pode ser desprovida de sensibilidade e empatia, sendo necessário um profundo entendimento da condição humana para abordar o sofrimento na sua globalidade, observando o doente como um ser completo, físico, psicológico e social. O Médico de Medicina Geral e Familiar, que se depara frequentemente com este sofrimento, será o profissional indicado para iniciar esta abordagem centrada no doente, oferecendo-lhe uma avaliação precisa e humanizada das causas da dor, procurando o alívio desta e a melhoria da sua qualidade de vida.

 

Este profissional desempenha também um papel central na promoção de práticas preventivas, baseando-se em conhecimento fidedigno e comunicação eficaz. Para que esta mensagem chegue àqueles que mais precisam, são imperativas habilidades de comunicação que transcendam a simples transmissão de informações e que estabeleçam conexões humanas significativas e empoderadoras dos doentes.

 

Medidas simples, como manter uma alimentação equilibrada, praticar exercício físico regularmente, não fumar, não consumir álcool em quantidades excessivas e adotar boas práticas posturais nas tarefas do dia-a-dia, podem ter um impacto significativo na prevenção da dor crónica. Além destas, garantir uma boa qualidade do sono e aprender estratégias de gestão do stress são fatores igualmente importantes.

 

Importa ainda desmistificar a crença de que “temos de aguentar e sofrer”, culturalmente enraizada em várias sociedades e que dificulta a procura por ajuda. Assim, é crucial que se compreenda que a dor crónica pode e deve ser tratada, já que todos os doentes com dor merecem viver uma vida digna, de qualidade e livre do sofrimento desnecessário.

 

Neste Dia Nacional da Luta Contra a Dor, renovemos o nosso compromisso com aqueles que sofrem, para que possamos continuar a promover a educação em saúde, a melhorar o acesso a cuidados adequados e, acima de tudo, a mostrar empatia e compreensão para com todos os que enfrentam a dor crónica. Juntos, podemos fazer a diferença na sua vida.