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A cólica no lactente

publicado em 06 Jun. 2021

Os bebés comunicam e “fazem-se ouvir” através do choro. Muitas vezes os pais associam o choro às cólicas, mas nem sempre choram pelos mesmos motivos.

 

A cólica do lactente é uma condição comum, benigna e autolimitada, mas que causa grande ansiedade e desconforto familiar, com efeitos notórios no equilíbrio parental e no bebé. Surgem numa altura em que os pais começam a sentir-se cansados e privados de sono, sendo um motivo de stress adicional. Está associada a depressão materna e é causa importante de cessação precoce do aleitamento materno.

 

Ocorre em bebés entre os 1.º e 4.º meses de vida e carateriza-se por períodos recorrentes e prolongados de choro, agitação e irritabilidade, sem causa aparente ou atribuível. O choro pode começar e parar de forma abrupta e é estridente. Por vezes, o bebé dobra as pernas sobre a barriga distendida e a pele fica vermelha.

 

Existem hipóteses, controversas, para as cólicas: desregulação das vias neurossensoriais, ansiedade parental, alergia às proteínas do leite de vaca, refluxo gastroesofágico e alterações da motilidade intestinal por desregulação da flora intestinal. Teorias e hipóteses diferentes sugerem que as cólicas são predominantemente multifatoriais motivo pelo qual o seu tratamento se torna desafiante.

 

Para os pais muitas vezes é desesperante e tenta-se tudo. Muda-se leite, muda-se biberão, eleva-se cabeceira, coloca-se umas gotinhas e pouco ou nada muda.

 

Mas como se aborda e trata as cólicas e o que deve preocupar os pais?
Importa tranquilizar e assegurar os pais da benignidade da condição e do facto de ser temporária. É essencial que os pais percebam que o choro não se deve à sua inabilidade parental, mas a algo que faz parte do normal desenvolvimento dos bebés. Os pais devem responder a este choro com calma, afeto e calor. Tentem colocar-se na pele do bebé, pequeno, ainda a conhecer este mundo e já com múltiplas informações e estímulos para reter e processar. Portanto, diminuir a estimulação do bebé é muitas vezes eficaz, reduzindo o barulho e atividade em casa.

 

Os pais devem aprender também a realizar a massagem abdominal (no sentido dos ponteiros do relógio), sendo benéfico e calmante em alguns casos.

 

Relativamente às “gotinhas”, existe alguma evidência científica na utilização do probiótico Lactobacillus Reuteri, principalmente nos bebés em amamentação exclusiva. Pode-se ponderar a utilização de fórmulas hidrolisadas quando a suspeita é de alergia às proteínas do leite de vaca e não de “apenas” cólicas.

 

Deve consultar o seu pediatra sempre que o seu bebé não ganha peso de forma adequada, se está ansioso e se sente incapaz de lidar com a situação, se para além do choro há outros sintomas acompanhantes (febre, vómitos, diarreia ou obstipação) e se estes episódios duram para além do 4.º mês de idade.

 

No dia 1 de junho celebrou-se o dia mundial da criança. Aos adultos, relembrem-se do que sentíamos em crianças com um simples afeto das pessoas que amávamos. Seja em que dia do ano for, todos os dias devem ser das crianças.