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A infertilidade está a aumentar: O que podemos mudar?

publicado em 20 Nov. 2019

A reprodução humana é um processo fascinante embora de baixa rentabilidade e que requer tempo. É importante que os casais tenham consciência que mesmo em situações normais a probabilidade de gravidez em cada ciclo menstrual é de apenas 20-25% e que o tempo médio para se conseguir uma gravidez é de 6 meses (mulheres < de 35 anos).

 

A Organização Mundial de Saúde define a infertilidade como a incapacidade de um casal conseguir uma gravidez após um ano de relações sexuais desprotegidas e estima-se que afete 9% dos casais portugueses.
As causas de infertilidade são múltiplas e podem abranger simultaneamente os dois elementos do casal, em 30% dos casos. O fator masculino ocorre em 30-40%, sendo o espermograma o exame de diagnóstico de 1ª linha, permitindo avaliar o número, mobilidade e morfologia dos espermatozóides.

 

A patologia ginecológica pode estar presente em até 40% dos casos, nomeadamente, os distúrbios da ovulação, a obstrução das trompas, as doenças do útero e/ou a endometriose.

 

Nas últimas décadas, têm-se verificado um aumento da prevalência da infertilidade. O adiamento da idade média aquando do nascimento do primeiro filho é um dos fatores relevante. É incontornável, a fertilidade diminui com a idade, sendo o declínio mais rápido na mulher. Aos 35 anos, as mulheres são 50% menos férteis que aos 25 anos e aos 40 anos menos 50% que aos 35 anos. O aumento da idade também prolonga o tempo necessário até se conseguir uma gravidez, logo mais casais estão a ser diagnosticados como inférteis.

 

As exigências profissionais, a ausência de parceiro ou os constrangimentos económicos são razões para protelar a gravidez, sendo a idade frequentemente um obstáculo não passível de ser alterado aquando do diagnóstico da infertilidade: O que podemos melhorar?

 

Primeiro, não adiar o projeto da parentalidade. A idade da mulher é fundamental para o sucesso reprodutivo.

 

Segundo, evitar os fatores que influenciam negativamente a fertilidade:

 

  • Obesidade – causa disfunção ovulatória e degradação da espermatogénese. Uma perda de peso de 5-10% pode ser suficiente para restaurar a fertilidade.
  • Consumo de tabaco, álcool (em excesso) e drogas – causam alterações na ovulação, diminuição da mobilidade espermática, além dos elevados riscos para o feto.
  • Infeções sexualmente transmissíveis – A infeção por Clamídia, praticamente assintomática, pode ter consequências graves causando a obstrução das trompas impedindo a fertilização do óvulo pelos espermatozoides. Evitar comportamentos sexuais de risco preserva a fertilidade.

 

Por último, se persistir a dificuldade em engravidar, assumi-la sem constrangimentos e agendar uma consulta de Ginecologia especializada, permitindo um diagnóstico célere da(s) causa(s) e a escolha criteriosa da terapêutica mais adequada. As recomendações atuais vão no sentido de se iniciar o estudo da infertilidade em mulheres acima dos 35 anos e cuja gravidez não ocorra em 6 meses.