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Refluxo faringo-laringeo: o que é e como tratar?

publicado em 07 Jan. 2022

O refluxo faringo-laríngeo (RFL) consiste na presença de conteúdo ácido, proveniente do estômago, na garganta (faringe e laringe). Muitas vezes está associado à presença de refluxo gastro-esofágico (RGE), no qual ocorre uma passagem anormal de conteúdo ácido do estômago para o esófago (órgão que comunica com a garganta e com o estômago). Importa referir que todas as pessoas, independentemente da sua idade, apresentam algum grau de refluxo de ácido do estômago para esófago e garganta (designado por fisiológico).

 

Contudo, quando o refluxo é excessivo e/ou prolongado, irá provocar lesão no revestimento do esófago e garganta (mucosa), a qual não está preparada para receber quantidades elevadas de conteúdo ácido.

 

Os sintomas desta patologia são variados, sendo que o RFL pode estar implicado em diversas patologias da área da Otorrinolaringologia (ORL) como a otite, sinusite e faringite.

 

Os sintomas mais frequentemente referidos pelos doentes são:

• Ardência ou irritação na garganta;
• Tosse seca e irritativa (sobretudo quando se deitam);
• Sensação de expetoração (“catarro”) ou corpo estranho (“talo”) na garganta;
• Dificuldade em engolir;
• Rouquidão;
• Mau hálito;
• Necessidade constante de pigarrear.

 

Estas queixas podem estar associadas, ou não, a queixas de RGE, como por exemplo: azia (sensação de acidez no estômago), sensação de ardência na região do peito ou dor torácica.

 

Perante um doente com RFL, é importante uma história clínica completa e um exame de ORL, complementado com endoscopia da faringe e laringe (laringoscopia). Na maioria dos casos, é necessária a realização de uma endoscopia digestiva alta, para visualização do esófago e estômago, ou exames mais específicos, como, por exemplo, a pHmetria, que consiste na colocação de uma sonda durante 24 horas, ao nível do esófago, e verificar a presença de conteúdo ácido.

 

O tratamento envolve modificações do estilo de vida e hábitos de higiene, como, por exemplo: evitar alimentos que estimulam a secreção de ácido do estômago (café, chá, chocolate), evitar alimentos ácidos (citrinos, vinagre) e com maior teor de gordura ou condimentados; os doentes são aconselhados a realizarem refeições mais leves ao jantar (evitar ir dormir com estômago muito cheio) e dormir com a cabeceira da cama mais elevada.

 

Quando estas medidas não resultam ou são insuficientes, devem ser usados medicamentos que diminuem a secreção de ácido pelo estômago, como os inibidores da bomba de protões (exemplo: omeprazol), popularmente designados de “protetores gástricos”. Outros medicamentos poderão ser utilizados, dependendo dos sintomas e da resposta dos doentes. Em casos muito selecionados, poderá ser proposto tratamento cirúrgico para o refluxo