As férias das crianças, para além de proporcionarem uma pausa e um descanso das tarefas escolares, devem ser uma oportunidade para novas e enriquecedoras experiências que promovam a saúde e o bem-estar psicológico.
Este ano letivo foi marcado por impedimentos originados pela pandemia, que obrigaram ao isolamento, a aulas em casa e a mudanças nas dinâmicas familiares. Esta situação causou um expectável aumento de sinais e sintomas de ansiedade que foi a perturbação de maior prevalência nas crianças até aos 12 anos. Neste contexto, são recomendáveis as atividades ao ar livre e a prática de desportos que promovam uma melhoria da qualidade de vida e o trabalho em equipa, contribuindo para a libertação da tensão acumulada e para a diminuição da ansiedade.
A nível familiar também é importante fortalecer os vínculos afetivos através de um tempo de qualidade, com mais serenidade e mais momentos de diálogo. Este tempo de férias pode ainda ser uma oportunidade para envolver as crianças nas tarefas de casa: arrumar o quarto, colaborar na preparação das refeições ou outras, que promovam a partilha, a responsabilidade e a autonomia.
No entanto, o dia não deve estar totalmente preenchido com atividades, deve sobrar tempo para ‘’não fazer nada’’, dar largas à imaginação, brincar sozinho ou com as outras crianças fora do contexto escolar.
Muitos pais perguntam em consulta: qual é o número aceitável de horas diárias para o meu filho/a estar em contacto com a tecnologia?
Em resposta, saliento que os pais são o exemplo a seguir e o primeiro modelo. A criança que observa os seus pais a consultar constantemente o telemóvel, mesmo durante os tempos de lazer, dificilmente compreenderá que não pode fazer o mesmo.
O uso da tecnologia nos dias de hoje é inevitável, seja por motivos escolares ou por motivos lúdicos, através dos jogos, das redes sociais ou dos vídeos. Mas o contacto prolongado deve ser cingido apenas a alguns dias da semana e os conteúdos devem ser apropriados. Esta gestão deve ser frequentemente ajustada pelos pais, tendo em conta a idade e as restantes tarefas, deveres e necessidades da criança.
Os adultos, sejam os pais ou os cuidadores, são responsáveis por proporcionar condições sustentáveis favorecendo um ambiente positivo, tranquilo, estável e seguro, quer em casa, quer no exterior. Apesar de ser um período onde há lugar para exceções, algumas rotinas, como os horários de sono e de refeições devem ser respeitados, tendo em conta a idade de cada criança e o seu desenvolvimento integral.
Nas férias e ao longo de todo o ano, há fatores protetores essenciais para o bem-estar psicológico e para a saúde mental das crianças que são, entre outros, a capacidade de transmitir amor, afeto, compreensão e apoio nos maus e nos bons momentos.
Boas férias!