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Sofri um AVC! Posso recuperar das sequelas?

publicado em 15 Ago. 2022

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a principal causa de morte e incapacidade em Portugal. Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística, em 2019, 93,6% do total de óbitos por AVC (10 975) foram pessoas com idade igual ou superior a 65 anos, atingindo principalmente as mulheres. A incidência em adultos jovens tem sido uma realidade crescente e, apesar das baixas taxas de mortalidade e de recorrência, as incapacidades decorrentes do AVC interferem nos contextos familiar, social e profissional.

Esta doença cerebrovascular resulta da lesão de células cerebrais na sequência da obstrução no fluxo sanguíneo (AVC Isquémico) ou da rutura de uma artéria (AVC Hemorrágico).

Além das diversas sequelas possíveis, tais como alteração do equilíbrio, da visão e da sensibilidade, dificuldade em executar movimentos e dificuldade na linguagem (expressão e/ou compreensão), o pós-AVC é muitas vezes acompanhado de alterações cognitivas ao nível da atenção, memória, função executiva (flexibilidade cognitiva, tomada de decisão, planeamento, capacidade de resolução de problemas), entre outras, que podem evoluir para uma demência vascular.

A Neuropsicologia é a especialidade que assume um papel de destaque na reabilitação dos défices cognitivos após o AVC, com consequente melhoria na autonomia, na funcionalidade e na qualidade de vida do doente nos seus diversos contextos e atividades de vida diária.

Neste sentido, o primeiro passo consiste em realizar o exame neuropsicológico para avaliar as sequelas neurocognitivas, emocionais e comportamentais, sendo este essencial para o neuropsicólogo poder elaborar um plano de neuroreabilitação adaptado às necessidades de cada doente.

 

A Neuroreabilitação é um tratamento não invasivo, individual e personalizado, que atua sobre os efeitos da lesão/disfunção cerebral com recurso a várias estratégias e procedimentos, como o treino e estimulação neurocognitiva. Permite recuperar, tanto quanto possível, as capacidades cognitivas alteradas após o AVC, manter as funções que se encontram preservadas e evitar o declínio progressivo e perda das que estão afetadas.

 

É, portanto, imprescindível para a recuperação cognitiva, emocional (sintomas de ansiedade e depressão), social e funcional do doente (em alguns casos com possibilidade de regresso à ocupação profissional ou, em alternativa, o início de uma nova atividade mais adaptada à sua condição física e cognitiva), bem como no apoio a familiares e cuidadores.

 

Quanto mais cedo o doente iniciar este tratamento, maior a possibilidade de obter os melhores resultados