Skip to main content

Autoconhecimento e a sua relação com o amor próprio

publicado em 04 Jan. 2024

O autoconhecimento está inteiramente relacionado com a questão do amor próprio. “Afinal como consigo isso? como consigo eu ter amor próprio?!” Esta é uma das questões mais frequentes que nós psicólogos recebemos em consulta.

 

Primeiro, a questão será, o que está a fazer para si próprio, e quando digo para si não é pelos outros, porque pelos outros procuro amor na validação externa. E se não a recebo, acabo por cair na frustração e fico dependente do outro para me sentir bem, o que por si só é o caminho ideal para me autossabotar.

 

Então, o pensamento não pode ser o que eu procuro que o outro me dê, mas sim o que eu posso dar e fazer por mim mesmo. Porque se não me sentir bem e inteiro, necessito constantemente do outro para preencher esse vazio. E se não recebo, o sentimento é de perda, E ao perder, sinto-me insuficiente e culpado. Posto isto, então afinal como se consegue o amor próprio?

 

Autocuidado também é sobre saber quem pretendo manter por perto. O que exige maturidade para perceber que existe sempre quem nos acrescenta e quem não o faz. E isso exige autoconhecimento e valorização pessoal, “se eu sei que o que pretendo, já não me permito a quem não está alinhado da mesma forma”. E está tudo bem com isso. “Se eu não preciso de ti, então eu posso escolher ficar contigo.” E quando nos descobrimos a nós mesmos percebemos quanto tempo perdemos a tentar descobrir os outros. Então que possamos ser transparentes naquilo que somos verdadeiramente.

 

Abrandar quando necessário é também parar de fugir de nós próprios. Até porque, por muito que fuja de si está sempre consigo. Se ocupa todo o seu tempo para não se deparar consigo mesmo, passa a vida a fugir.

 

O diálogo que leva ao amor próprio começa na coragem de nos apresentarmos tal e qual como somos. Com as nossas falhas, feridas e perdas. A partir daí, é-se livre de se ser quem é. Portanto, a maior perda é nos perdemos a nós mesmos na tentativa de agradar a alguém. É sempre positivo ter a narrativa interna de que “todos os lugares que visito fazem-me evoluir e crescer, sejam eles locais, ou pessoas”.

 

Ao praticarmos o autoconhecimento, começamos a ver a critica alheia ou o julgamento de uma outra forma. Diferente daquela de quem se vê preso nas amarras da sua própria neurose, caso contrário, estaria mais focado em si e não no outro. Permitam-se ser vocês mesmos.

 

A frustração vem da sensação de que não sou livre ou de que me falta algo, esse algo não deve ser projetado no outro, até porque se te faz sentir bem, lamentavelmente, é apenas temporário. Logo passa e a angústia volta porque o problema, se ele existir, é interno e não externo.

 

Se não houvesse confusão entre o desejo e a razão não haveria conflitos internos, mas também não haveria “emoção”. Por isso é que muitas vezes corremos atrás do pouco que nos oferecem pela adrenalina que a própria imprevisibilidade provoca no nosso cérebro. O que está garantido é previsível. E andamos ali às voltas entre aquilo que eu desejo, o que vou recebendo e o que poderá ou não acontecer depois. “o fruto proibido é sempre o mais apetecido” Isto explica porque muitos não conseguem viver na estabilidade. E se cansam rápido quando a têm, quando no fundo o desejo seria esse. Mas a pulsão mais primitiva sobrepõe-se de forma a manter a mentira de que se está a viver. Pois para quem não lida bem com a solidão manter-se sempre na novidade permite que não se depare com o vazio pelo menos, de forma aparente. Então, se uso a novidade para me preencher, é porque não me sinto inteiro. Logo, é mais fácil olhar para o externo e apontá-lo como culpado para a minha insatisfação constante. E aí autossaboto aquilo que poderia ser a minha verdadeira pulsão de vida. “Que alergia ao amor é essa?” Principalmente ao próprio.