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Degenerescência macular da idade

publicado em 02 Dez. 2021

A degenerescência macular da idade (DMI) é uma doença degenerativa da área central da retina, que provoca perda da visão central de alta definição. É uma das causas mais comuns de perda irreversível da visão acima dos 55 anos. Sendo pouco conhecida, pode tornar-se potencialmente muito grave se não diagnosticada e tratada atempadamente. Pode assumir três formas: DMI precoce, DMI intermédia e DMI tardia.

 

A incidência e a prevalência da DMI têm vindo a aumentar. Dados oficiais em Portugal indicam que haverá cerca de 355 000 doentes com todas as formas de DMI. Considera-se a idade, história familiar e tabagismo como fatores de risco. A carência em vitaminas e oligoelementos, exposição intensa à luz solar, radiação ultravioleta, hipertensão arterial e arteriosclerose podem também ser consideradas.

 

A DMI precoce é a fase inicial da doença. Sem sintomas, normalmente é diagnosticada num exame de rotina (que se recomenda a pessoas com mais de 55 anos, sobretudo se há fatores de risco). É caraterizada pela presença de drusas (depósitos amarelados localizados sob a retina), sem perda de visão. Drusas de médio e grande tamanho apresentam maior risco, como na DMI intermédia, onde surgem alterações pigmentares.

 

A DMI tardia inclui as formas graves da doença: neovascular ou exsudativa e a atrófica ou seca. A forma exsudativa (10 a 20%) contribui para 90% das perdas visuais graves, onde neovasos anormais se desenvolvem, sangram e exsudam, causando danos importantes. Na forma exsudativa, a perda da acuidade visual pode ser brutal e rápida, mas sintomática: distorções na imagem, alteração da perceção das cores/contraste, manchas no campo visual, fotopsias e alucinações visuais. Na DMI seca (80 a 90%) ocorre redução gradual na visão central ao longo de anos, provocada pela atrofia progressiva da retina macular. Esta evolui lentamente e carateriza-se pela dificuldade na leitura e observação de pequenos objetos distantes. Por vezes, observa-se a sensação de perda de letras numa linha de texto e a visão diminui de modo insidioso. Nas atrofias mais extensas que atingem a fóvea, a leitura fica impossível e a acuidade visual muito diminuída. A visão periférica é conservada.

 

Como prevenção e tratamento, recomenda-se uma alimentação cuidada, proteção da luz solar intensa, radiação ultravioleta e monitorização sistemática. Nos casos de maior risco, a suplementação com vitaminas C e E, betacaroteno, Zinco e Cobre pode reduzir em 25% a evolução para formas mais graves. A suplementação de xantofilas (luteína/zeaxantina) e/ou ácidos gordos Ω-3, também se tem revelado eficaz. A DMI seca não tem tratamento específico, mas não é a que mais penaliza. Na DMI exsudativa o tratamento é dirigido à causa dos problemas (neovascularização) o mais rápido possível, pois uma membrana neovascular pode crescer 10 µm /dia. Os doentes devem ser imediatamente referenciados a um centro de retina, onde o tratamento é altamente especializado e, após um diagnóstico exato, através de vários exames, se fará o tratamento mais adequado (laser térmico, corticoides e terapêutica anti-angiogénica por aplicações intravítreas). Os anti-angiogénicos revolucionaram o tratamento da DMI exsudativa, transformando uma doença fatal numa patologia tratável, em que se consegue evitar a progressão da doença em 90% dos casos e mesmo recuperar alguma acuidade visual em 70% dos casos, sobretudo se precocemente.