A osteoporose é uma doença sistémica, caracterizada pela diminuição da massa óssea e deterioração da microarquitectura do osso. Estas alterações conduzem a um aumento da sua fragilidade, tornando mais provável a ocorrência de fraturas
com traumatismos de baixo impacto, que em situações normais não seriam suficientes para causar fratura (fraturas de fragilidade). As localizações mais frequentes são o fémur proximal (anca), vértebras e extremidades dos ossos do antebraço e ombro. Estas são mais frequentes nas mulheres pós-menopausa e nos idosos de ambos os sexos.
Em Portugal, a prevalência da osteoporose em indivíduos com idade superior a 18 anos (2011-2013) foi calculada
em aproximadamente 10% (17% no género feminino versus 2,6% no masculino). Estima-se que anualmente ocorram
40 000 fraturas osteoporóticas, sendo mais de 25% localizadas na anca. É uma doença silenciosa, tendo muitas vezes como primeira manifestação a ocorrência de fraturas de fragilidade.
Os principais fatores de risco são:
Fatores de risco major | Fatores de risco minor |
> 65 anos | Artrite reumatoide |
Fratura vertebral prévia | História de hipertiroidismo clínico |
Fratura de fragilidade depois dos 40 anos | Uso crónico de antiepiléticos |
História de fratura da anca num dos pais | Baixo aporte de cálcio e consumo excessivo de cafeína (> 3 chávenas/dia) |
Corticóides sistémicos > 3 meses | Tabagismo atual |
Menopausa precoce (antes dos 40 anos) | Consumo excessivo de álcool (mais de 3 unidades de álcool/dia) |
Hipogonadismo | Índice de massa corporal < 19 kg/m2 |
Hiperparatiroidismo primário | Perda de peso > a 10% relativamente ao seu peso aos 25 anos |
Propensão para quedas | Terapêutica crónica com heparina |
Imobilização prolongada |
O diagnóstico passa pela realização de densitometria óssea, que tem indicação nas mulheres acima dos 65 anos e homens
com idade superior a 70 anos; mulheres pós-menopausa com idade inferior a 65 anos e homens com idade superior a 50
anos se apresentarem 1 fator de risco major ou 2 minor e mulheres pré-menopausa e homens com idade inferior a 50 anos, apenas se existirem causas conhecidas de osteoporose secundária ou fatores de risco major.
A decisão de iniciar tratamento vai depender do resultado obtido na densitometria (normal, osteopenia ou osteoporose)
e no cálculo do risco absoluto de vir a ter uma fratura nos próximos 10 anos. Se estiver indicado o tratamento farmacológico, este irá necessitar de ser monitorizado em relação aos efeitos secundários e controlar a adesão do doente à terapêutica.
A prevenção do aparecimento da osteoporose assume assim um papel fundamental, atendendo a todo o potencial de
complicações possíveis. Deverão ser eliminados os fatores de risco como o consumo de álcool, tabaco e café em excesso e deverá ser privilegiado o exercício físico com carga (caminhadas, corrida). A natação apesar de ter alguns benefícios osteoarticulares não é eficaz para a prevenção da osteoporose. A alimentação deve incluir alimentos ricos em cálcio, como produtos lácteos e deve ser avaliada a necessidade de suplementação com vitamina D, quando a exposição solar não é suficiente. Devem ser corrigidos fatores que aumentem o risco de queda, como tapetes soltos, calçado maior ou sem
suporte do pé, pouca iluminação ou objetos espalhados pelo chão. Poderão ser utilizados auxiliares da marcha, como bengala, canadianas ou andarilho.
O grande impacto da osteoporose a nível individual e da sociedade torna muito importante a sua prevenção e a sua identificação atempada de modo a prevenir as suas complicações.