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Pavimento pélvico: o “trabalhador” desconhecido

publicado em 21 Jan. 2021

O pavimento pélvico consiste num conjunto de músculos que suportam os órgãos intra-abdominais e permite, entre outros fenómenos, o da defecação e da micção. Divide-se em três compartimentos, nas mulheres: posterior (reto), médio (vagina) e anterior (bexiga), e apenas dois nos homens (posterior e anterior).

 

Ao longo da vida, o pavimento pélvico sujeita-se a vários “danos” que podem causar, a curto ou longo prazo, problemas no seu funcionamento. Tais “danos” podem ser:

 

  • maus hábitos intestinais
  • aumento ponderal
  • gravidez
  • parto
  • cirurgias
  • traumas
  • entre outros.

 

A disfunção do pavimento pélvico pode manifestar-se por incontinência urinária e/ou fecal, prolapso (exteriorização) de órgãos pélvicos e/ou evacuação obstruída (obstipação), com sintomas em um dos compartimentos ou em vários simultaneamente.

 

 

Assim, a disfunção do pavimento pélvico exige uma abordagem multidisciplinar com colaboração de diferentes especialidades médicas: Cirurgia Geral, Ginecologia, Urologia, Gastrenterologia, Medicina Física e de Reabilitação, Psicologia, entre outras.

 

A Cirurgia Geral dedica-se, em especial, à disfunção do compartimento posterior (retal) com sintomas como a incontinência fecal ou a obstipação. Por razões anatómicas e fisiológicas, estes problemas são mais frequentes nas mulheres, com incidência verdadeiramente desconhecida, pela desvalorização de sinais, vergonha em procurar ajuda médica e dificuldade de orientação desta patologia pela comunidade médica. Ao longo do tempo desenvolvem-se manobras de ocultação, como o uso crónico de laxantes, necessidade de fralda-cueca, hábitos intestinais pouco saudáveis, com considerável impacto na atividade profissional e social e inevitável perda da qualidade de vida. A identificação precoce destes sinais permite quebrar o ciclo e deter a evolução desfavorável. A história clínica e exame físico detalhados, complementada pelos exames (manometria, endoscopia anorretal e defecorressonância), permitem a estratificação da disfunção e subsequente orientação terapêutica.

 

As técnicas cirúrgicas individualizadas aliadas à fisioterapia do pavimento pélvico corrigem as deformidades, resultando num incremento substancial da qualidade de vida.

 

Se tem alguns dos sintomas mencionados não adie mais a sua condição de saúde e visite o seu médico de confiança para uma avaliação cuidada e uma proposta clínica de tratamento adequados à sua situação. O médico irá analisar a sua situação com cuidado, prescreverá os exames e análises necessários e, consigo, delineará o melhor tratamento para o seu caso. Opte pelo seu bem-estar e pela sua saúde. Mesmo em tempos de pandemia não adie a visita ao médico, todas as outras doenças não esperam e progridem sem aviso prévio.