Skip to main content

Posso viver sem o apêndice?

publicado em 06 Nov. 2021

Esta pergunta suscita uma resposta imediata: claro que sim! Muitos conhecem ou experienciaram em primeira mão, a vida pós apendicectomia.

Mas então, afinal, para que serve o apêndice?

O apêndice ileocecal é um órgão tubular ligado ao cólon direito (intestino grosso) que, por sua vez, está conectado ao intestino delgado e posicionado habitualmente no lado direito do abdómen, como demonstra a imagem. A sua função é, na verdade, desconhecida. A opinião da comunidade científica divide-se entre tratar-se de um órgão vestigial, um remanescente evolutivo, ou desempenhar um papel na autoimunidade e na regulação da flora bacteriana intestinal. É aceite, no entanto, que se trata de um órgão não vital, cuja remoção não implica insuficiência ou limitação.

Fonte: Livro Maingot´s Abdominal Operations, 12th edition, capítulo 31

E em que circunstâncias se remove o apêndice?

A mais comum é a cirurgia urgente para tratamento da apendicite aguda.
Trata-se de uma infeção do órgão, geralmente por obstrução fecal cuja gravidade é extremamente variável, desde um quadro clínico simples a situações complexas ameaçadoras da vida. Caracteristicamente, manifesta-se por dor abdominal no lado direito do abdómen, febre, náuseas e anorexia, entre outros sintomas menos comuns. Embora menos frequentes, mas de incidência não desprezível, a remoção (exérese) do apêndice pode ocorrer por neoplasias (tumores) apendiculares ou do cólon direito. Nessas circunstâncias a cirurgia é eletiva ou programada. A via de abordagem mais preconizada, atualmente, é a laparoscópica, pelos reconhecidos benefícios (pós-operatório mais fácil e indolor bem como menos complicações infeciosas) com retorno mais rápido à atividade normal. No entanto a via clássica (aberta) é, igualmente, eficaz. A análise anatomopatológica do apêndice ileocecal revela-se essencial para confirmação de uma situação benigna (apendicite aguda) ou de uma situação maligna oculta (tumor). Tratando-se de uma cirurgia intra-abdominal pode acarretar complicações, embora estas sejam, geralmente, resolúveis e temporárias.

 

Assim, a vida pós apendicectomia é possível sem sequelas ou limitações, facto conhecido desde o século XVII, data a que reporta a primeira apendicectomia.