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Compulsão alimentar: devo procurar apoio psicológico?

publicado em 31 Mar. 2022

As perturbações alimentares correspondem a um conjunto de distúrbios onde existe uma preocupação exagerada com o peso corporal. Envolvem emoções, atitudes e comportamentos excessivos em tudo o que se refere ao peso e à comida. Existem diversos tipos de perturbações alimentares, mas os mais comuns são a anorexia nervosa, a bulimia nervosa e o transtorno da compulsão alimentar periódica (Souto, Ferro-Bucher, 2006).

 

compulsão alimentar carateriza-se pela ingestão de grandes quantidades de alimentos num curto espaço de tempo e faz-se acompanhar, na maior parte das vezes, de oscilações de peso, mudanças de humor, sentimentos de tristeza, melancolia e ansiedade (Galvão, Claudino, & Borges, 2006).

 

A compulsão alimentar pode estar relacionada com vários aspetos como a prática de dietas restritivas, de forma a lidar com a ansiedade e o stress, idealização do corpo magro, baixa autoestima, falta de autoconfiança, perfecionismo e, também, como uma tentativa de preencher um “vazio emocional”. Neste seguimento, pode-se, igualmente, fazer referência à fome emocional, caraterizada como o apetite súbito que surge como forma de lidar com problemáticas emocionais e não para satisfazer a fome fisiológica (Sobreira 2007 & Barros 1997). Normalmente procura-se satisfazer esta necessidade com bolachas, doces, snacks, mas também podemos ter estes episódios em jantares, almoços em família, ou em outras situações. Portanto, poderá estar igualmente relacionada com a fome emocional.

 

A compulsão alimentar acarreta muitos riscos para a saúde, poderá levar ao excesso de peso, a oscilações constantes da mesmo, à necessidade de avaliação corporal e de insatisfação com a imagem física. Pode, igualmente, contribuir para comportamentos de evitamento (como por exemplo evitar refeições em grupo por vergonha, e até levar à necessidade de comer às escondidas). Muitos casos relatam estes momentos como de satisfação enquanto ingerem os alimentos, mas logo de seguida presenciam um sentimento de culpa e de frustração.

 

A psicologia clínica e no tratamento psicanalítico, o objetivo passa por ir além do desaparecimento do sintoma, ou seja, ir além daquilo que o leva a procurar realmente ajuda e que causa mal-estar. Inicialmente, é importante compreender a problemática, perceber o que a origina e apoiar a pessoa nesta compreensão.

 

O drama de quem sofre de compulsões alimentares desenrola-se numa dimensão onde o “pensar” é substituído pelo “agir compulsivo”. Aqui, muitas vezes, não há capacidade de pensar, de racionalizar… apenas de agir, perante uma necessidade exacerbada de encobrir estados emocionais.

 

Perceber esta problemática antecipadamente é imprescindível, a procura pelo apoio psicológico torna-se uma ferramenta fundamental para lidar com a compulsão alimentar, principalmente quando esta compromete a vida da pessoa.