À medida que a tecnologia avança e o acesso a jogos é cada vez mais fácil, há um aumento significativo dos comportamentos compulsivos em relação ao jogo. A internet tem eliminado a maioria das barreiras existentes, possibilitando chegar a um maior número de pessoas. Embora o ato de jogar, por si só, seja uma forma de entretenimento legítima, a linha entre diversão e vício é ténue e a dependência pode gerar sérios problemas.
O que é?
A dependência do jogo é caraterizada pela incapacidade de controlar o desejo de jogar, mesmo quando isso causa prejuízos significativos à vida pessoal, social, financeira, profissional e emocional.
Tradicionalmente, as dependências eram associadas apenas ao consumo de substâncias, mas, nos últimos anos essa ideia tem sido progressivamente expandida para incluir a adição ao jogo. De facto, as semelhanças entre as adições são mais marcantes que as diferenças.
Quais as causas?
As causas são multifatoriais, destacando-se a acessibilidade e disponibilidade, fatores psicológicos e sociais (baixa autoestima, ansiedade e depressão impulsionam o ato de jogar, na medida em que existe uma procura pelo alívio e/ou fuga); aspetos culturais e económicos (incentivo e pressão social).
Por norma, os jogadores têm distorções cognitivas específicas, incluindo a falsa sensação de controlo e erros na perceção da aleatoriedade que define o funcionamento dos jogos.
O sistema de recompensas do cérebro estimula a libertação de dopamina, tornando-se assim, um dos principais motores da dependência – quando se ganha um jogo, a sensação de euforia reforça o comportamento, favorecendo a continuidade do mesmo.
Quais os sintomas?
O jogador patológico acaba por experimentar sintomas de abstinência, emoções intensificadas, evitar determinadas situações e, habitualmente recorrer à mentira para esconder a dependência.
Conforme as consequências se vão acumulando, muitos jogadores sentem uma profunda perda de autoestima e identidade. O vício vai consumindo a energia, as metas e objetivos, promovendo a autopunição e a desesperança.
Como é realizado o diagnóstico?
O diagnóstico é realizado por profissionais de saúde mental, envolvendo uma avaliação psicológica, onde são avaliados os hábitos de jogo, a intensidade, a frequência e impacto do comportamento nas diversas áreas de vida.
Em alguns casos, são utilizados questionários específicos para avaliar a gravidade da situação.
Quais as opções de tratamento?
Superar o vício do jogo é um caminho possível e o tratamento engloba uma abordagem multidisciplinar, com uma combinação de intervenções sendo que, em casos mais graves, pode ser necessário o tratamento farmacológico.
Torna-se imprescindível o controlo ambiental e a autoexclusão bem como o apoio da rede sociofamiliar – o envolvimento da família é crucial pois é necessário restaurar a confiança, melhorar a comunicação e oferecer suporte.
Revela-se eficaz a terapia cognitivo comportamental, no desenvolvimento de aptidões para enfrentar e resistir à compulsão, auxiliando na identificação e modificação dos padrões de pensamento que sustentam o comportamento.
A prevenção de recaída é também uma parte contínua do tratamento, envolvendo a criação de estratégias para evitar riscos e delinear um plano de ação caso surjam impulsos.
Como prevenir?
Prevenir a dependência do jogo envolve uma abordagem ativa, de forma individual e social. É importante estabelecer limites de tempo para jogar, procurar alternativas de entretenimento e estar atento aos sinais de alerta.
Para os que já enfrentam dificuldades, é fundamental reconhecer o problema, procurar o apoio de profissionais e comprometer-se com a intervenção terapêutica!