Skip to main content

Depressão Altamente Funcional

publicado em 19 Mai. 2025

A palavra depressão, é uma palavra muito usada, mas nas situações erradas. Ao contrário do pensamento corrente, não se trata de um episódio de tristeza ou desânimo que se pode superar com força de vontade.

 

A depressão é uma patologia real e diagnosticável, que pode ser reativa a situações adversas ou simplesmente manifestar-se sem que exista nenhuma razão para tal.

 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pode afetar qualquer pessoa, de qualquer idade, profissão ou condição social, sendo a primeira causa de incapacidade no trabalho, tanto em homens como em mulheres, afetando a produtividade e originando absentismo recorrente. É, contudo, mais predominante nas mulheres.

O que é a depressão?

A depressão é uma doença altamente prevalente, acometendo aproximadamente 3% a 5% da população em geral, aproximadamente, mais de 280 milhões de pessoas em todo o mundo, de todas as idades.

 

Segundo o DSM-5, A causa para o desenvolvimento de tal doença é desconhecida, entretanto, acredita-se que ela envolve hereditariedade, alterações nos níveis de neurotransmissores, mudanças na função neuroendócrina e fatores psicossociais, por isso o seu diagnóstico leva em consideração a história do doente.

Sintomas

As pessoas deprimidas podem sentir-se tristes, ansiosas, desesperadas, vazias, preocupadas, impotentes, inúteis, culpadas, irritadas, magoadas ou inquietas.

 

Podem perder o interesse em atividades que antes eram prazerosas, podem perder o apetite ou comer demais, apresentar problemas de concentração, dificuldade para lembrar detalhes ou tomar decisões e podem contemplar ou tentar o suicídio.

 

Problemas de insônia, sono excessivo, fadiga, perda de energia, mudança alimentação, sofrimento, dores ou problemas digestivos resistentes a tratamento também podem estar presentes.

 

A doença começa a interferir na sua capacidade de:

 

  • Trabalhar
  • Estudar
  • Comer
  • Dormir
  • Realizar outras atividades comuns do quotidiano

 

Isso acontece porque os sinais e sintomas depressivos incluem várias modificações no sono, na fala, nas capacidades de pensamento, memória, raciocínio lógico, na organização emocional, entre muitas outras, podendo levar a um estado de profundo vazio interior e de desenvolvimentos de sentimentos e pensamentos destrutivos de desesperança.

O que é a Depressão Altamente Funcional?

A Depressão Altamente Funcional, ou de alto funcionamento ou rendimento, não é um diagnóstico médico formal. Este termo pode aplicar-se a qualquer pessoa que esteja enfrentando problemas de saúde mental de índole depressivo e também ansioso, concomitantemente com a capacidade de manutenção da realização das suas tarefas de vida diária e com o cumprimento das suas responsabilidades e deveres, pessoais, sociais, na laborais e familiares.

 

Ou seja, a Depressão Altamente Funcional, pode ser encarada como a descrição de algumas pessoas que vivem com sintomas de depressão, enquanto conseguem simultaneamente manter uma vida relativamente estável, apesar da influência disruptiva dos mesmos.

Diagnóstico da Depressão Altamente Funcional

Embora este não seja um diagnóstico clínico, a Depressão Altamente Funcional começou a tornar-se primariamente em alguns países como os Estados Unidos da América (EUA) e Brasil e atualmente a difundir-se pela Europa, um termo amplamente utilizado e compreendido para descrever a realidade de muitos indivíduos – a depressão não parece ser a mesma em todas as pessoas, e há muitas pessoas que funcionam “normalmente” e que lutam privadamente e internamente contra os seus sintomas depressivos.

 

A Depressão Altamente Funcional pode ser e é assustadora, porque ninguém sabe, ou consegue perceber que a pessoa não está bem (clinicamente saudável ou estável).

 

E mesmo que a pessoa que dela padece, diga alguma coisa nesse sentido (no sentido de mostrar e exteriorizar o seu sofrimento interior), ninguém parece dar a devida importância, uma vez que esta não se apresenta como uma pessoa que doente, que sofre internamente e que está a falhar para consigo mesma e para com os que a rodeiam, uma vez que no mais íntimo seu ser, a depressão, neste caso a Depressão Altamente Funcional pode ser invisível.

Sintomas da Depressão Altamente Funcional

As pessoas com Depressão Altamente Funcional, podem parecer e normalmente parecem, perfeitamente assintomáticas, mostrando ter perfeito controlo das suas emoções, atitudes e comportamentos, porque os seus sintomas estão mascarados ou escondidos. Contudo, isso não significa que eles não estejam lá ou que não estejam a impactar a pessoa e a causar danos crescentes e continuadamente mais graves.

 

Pessoas com Depressão Altamente Funcional, embora mostrem estar perfeitamente assintomáticas, pode apresentar (e apresentam) sintomas semelhantes aos de pessoas com depressão clínica grave ou Perturbação Depressiva Recorrente (Major), tais como:

 

  • Sentirem-se tristes, desamparadas ou sem esperança (pensamentos negativos de desesperança ou sobre a morte)
  • Tornarem-se desinteressadas por coisas ou atividades que antes lhes traziam prazer ou alegria (anedonia)
  • Mudarem os hábitos alimentares, como comer muito ou pouco (anorexia ou polifagia)
  • Evidenciarem sono não reparador, leve ou profundo (insónia inicial, intermédia ou terminal), com insónia ou hipersónia (não dormir, dormir pouco ou dormir demais)
    Apresentarem dificuldades de concentração e memória (alterações da cognição)
  • Terem pensamentos negativos sobre si mesmas e sobre os outros (défice de autoestima, da autoimagem e do autoconceito, nomeadamente do autoconceito social – a imagem refletida no espelho ou “looking-glass-self)

 

Nesta linha de pensamento, pessoas com Depressão Altamente Funcional, podem apresentar e apresentam sintomas depressivos, sendo, contudo, capazes de os esconder ou “mascarar” do ambiente circundante – familiar, laboral ou social.

 

Algumas pessoas tem a capacidade de realmente conseguirem compensar as emoções negativas que as premeiam, especialmente quando tem uma boa rede de suporte pessoal, familiar e social, criando assim a ilusão externa de que são pessoas saudáveis, funcionais e “felizes”, de nenhuma mesma a patologia, padecendo não quando está sub-repticiamente a destruí-las por dentro.

 

Não obstante, algumas pessoas com Depressão Altamente Funcional, podem não ter um funcionamento ou desempenho, tão bom ou tão eficaz como pensam ter ou evidenciar externamente, uma vez que embora possam parecer bem (clinicamente assintomáticas) do seu ponto de vista, por vezes o seu funcionamento noutras áreas pode estar a ser comprometido e a deixar extravasar sintomas que parecia perfeitamente controlados ou dominados, ou seja, podem existir domínios ocultos ou dos quais essas pessoas não estejam completamente cientes, que deem a entender que algo não está como deveria estar, ou seja, os sinais de depressão estão a ser evidentes, apesar de não o serem do seu ponto de vista.

Concluindo, se alguma pessoa (colega de trabalho, amigo, familiar), tentar abrir-se ou expressar-se sobre os seus sintomas depressivos, escute antes de a descartar, por a mesma não parecer realmente evidenciar sintomatologia.

 

Essas pessoas podem por, exemplo, terem um excelente desempenho laboral, familiar, pessoal ou social, mas não obstante, privadamente, podem nem ser cap azes de sair d a cama quando estão nos seus dias de descanso, isolarem-se completamente e cortarem contato com o mundo exterior, recusando simples situações como tomar café com o melhor amigo.

 

As suas redes sociais (Instagram, Facebook, Tiktok, etc), podem apresentar um feed repleto de situações, fotos, vídeos (reels) felizes e sorridentes, quando na realidade impera o vazio e a infelicidade:

 

• Se és tu que tens Depressão Altamente Funcional, procura ajuda (profissional como o Psiquiatra e o Psicólogo), pessoas, situações e momentos em que possas descansar, relaxar e “existir”, sem o peso de fingir que te sentes bem
• A depressão, nomeadamente a Depressão Altamente Funcional, pode ser invisível, por isso por favor e pela tua saúde (física, mental e emocional), leva com seriedade os seus sintomas, bem como todas as pessoas que corajosamente conseguem pedir ajuda e abrirem-se sobre a mesma.