Com o desenvolvimento das novas tecnologias, surge um novo tipo de dependência, a dependência das tecnologias da informação e comunicação (TIC).
É definida como uma perturbação psicológica e do comportamento, que leva ao utilizador a enredar-se de forma contínua ou cada vez mais frequente nas TICs, independentemente das consequências negativas que possa ter para o seu bem-estar físico, social, mental ou financeiro.
As TIC de uso mais frequentes são: a internet e os telemóveis. Um estudo realizado em Portugal revelou que 73,3% dos jovens, entre os 14 e os 25 anos, apresentavam sintomas sugestivos de dependência da internet. Destes, 13% apresentavam níveis severos de dependência e 52,1% dos inqueridos se percecionavam como “dependentes da internet”.
As crianças, adolescentes e universitários são a população mais vulnerável para este tipo de dependência. São fatores de risco que podem levar a este tipo de adição: insatisfação pessoal, carência afetiva, baixa autoestima, impulsividade e baixa tolerância à frustração, ansiedade, depressão, isolamento e dificuldades na comunicação.
São sintomas indicadores de dependência das TIC o pensar na rede de forma constante, nomeadamente quando não está conectado e tornar-se defensivo ou negar quando confrontado com possível comportamento aditivo à internet. Frequentemente o indivíduo perde o interesse nas pessoas ou noutras atividades que anteriormente considerava importantes (hobbies, amigos, exercício físico). Por vezes, sente-se irritado quando não consegue conexão à rede ou esta está mais lenta. Priva-se do sono (< 5 horas/dia) para poder estar mais tempo conectado à rede, mentindo muitas vezes a familiares, colegas e amigos. Isola-se socialmente e começa a apresentar sinais de baixo desempenho académico ou baixa produtividade no emprego. Frequentemente, tenta limitar o tempo de conexão, mas não consegue.
As consequências que este tipo de dependência podem ter a nível físico, psicológico e social são graves. A sociedade, assim como pais, professores e profissionais da saúde, devem estar atentos a sinais ou indicadores de uma possível adição às TIC, para assim poderem realizar uma abordagem precoce.
O tratamento da dependência das TICs tem de ser integrado e multifatorial.
A terapia cognitivo-comportamental é o tratamento de escolha. Neste tipo de dependência a terapia não passa pela proibição total das TIC, mas sim por aprender a utilizá-las de forma moderada, controlada e responsável. As terapias farmacológicas são usadas para reduzir e controlar o impulso para a utilização das TIC.
O melhor tratamento é a prevenção. Esta deve estar focada na educação desde a infância para um uso adequado e controlado das TIC.