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A diarreia: quando se pode tornar relevante?

publicado em 29 Dez. 2019

A diarreia aguda consiste no aparecimento súbito de três ou mais dejeções “soltas” ou aquosas/líquidas por dia, cuja duração máxima é de 14 dias. Por outro lado, a diarreia persistente e crónica têm a duração superior a 14 dias. Esta classificação torna-se relevante tendo em consideração as diferentes causas, problemas associados e o prognóstico.

 

A apresentação clínica e evolução da diarreia depende da causa e do hospedeiro.

 

Alguns parâmetros devem ser considerados para elucidação da causa da diarreia, nomeadamente a presença de sintomas associados (febre, náuseas, vómitos, dor abdominal); características das fezes (frequência, cor, consistência, volume); história de ingestão de alimentos potencialmente contaminados; exposição a água passível de estar contaminada (água de piscinas, ambiente marítimo, acampamento); contacto com creches e outras instituições; exposição a animais; viagens; condições predisponentes (hospitalizações, estados imunodeprimidos, consumo de antibióticos ou laxantes de forma abusiva).

 

Os sinais e sintomas mais associados a esta patologia incluem a desidratação, dor difusa ou sensação de cólica abdominal, aumento do peristaltismo, má nutrição proteico-calórica com redução de massa muscular e massa gorda, eritema perianal.

 

A desidratação torna-se muitas vezes o motivo da procura de ajuda médica e pode ser objetivada pela presença de pele e mucosas “secas”, olhos com aspeto “encovado” e ausência de lacrimejo, letargia/cansaço fácil, alteração do estado de consciência, alteração no preenchimento dos vasos capilares, urina concentrada ou pouca quantidade de urina, tensão arterial baixa, entre outros.

 

O diagnóstico de diarreia é essencialmente clínico, no entanto pode ser necessária a avaliação laboratorial analítica e estudo das fezes (ex. coprocultura/exame bacteriológico de fezes, exame parasitológico, pesquisa de clostridium difficile) no sentido de melhor caraterizar as implicações da diarreia na totalidade do organismo e tentar identificar o agente microbiológico responsável, informação esta que poderá ser útil na orientação do tratamento.

 

Em casos selecionados, nomeadamente perante diarreia prolongada, ou outros sinais clínicos “de alarme” (ex. febre, dor abdominal intensa podendo associar ou não impossibilidade de palpação do abdómen, presença de sangue ou muco, sintomas de desidratação) poderá ser necessário um estudo mais pormenorizado com exames de imagem (ex. TAC ou ressonância magnética abdominal e pélvica) ou exames invasivos com visualização direta do intestino como por exemplo através de colonoscopia total por vezes com realização de biópsia intestinal e estudo anátomo-patológico.

 

Relativamente à abordagem da diarreia, a apresentação aguda geralmente de etiologia infeciosa é, na maioria dos casos, autolimitada acabando por ceder espontaneamente ou com auxílio de medicamentos orais para tratar os sintomas. É muito importante uma adequada ingestão de líquidos para a reposição das perdas de volume, assim como um aporte ajustado de nutrientes.

 

No caso de diarreia mais prolongada e principalmente em grupos de risco que incluem doentes idosos, na presença de múltiplas doenças crónicas e/ou com o sistema imunitário debilitado ou mesmo na gravidez, poderá ser necessário o suporte de terapêutica médica injetável em meio hospitalar, nomeadamente utilização de antibióticos e soros. Por isto, é necessário ter sempre em atenção os sinais de alarme já anteriormente descritos.

 

Em caso de dúvida, na presença de sintomas que persistem ou com sinais de alarme, deverá sempre procurar aconselhamento médico.

 

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