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A vacinação contra a COVID-19 e a doença alérgica

publicado em 23 Jul. 2021

As vacinas contra a COVID-19 são o tratamento mais efetivo na redução de casos de doença grave por COVID-19. No entanto, o início da vacinação motivou um alarmismo em massa em relação aos efeitos secundários das vacinas, às suas reações alérgicas e em relação à sua segurança em doentes com patologia alérgica.

 

De acordo com os dados nacionais de farmacovigilância, existe uma reação adversa por cada 1.000 vacinas administradas. Já as reações alérgicas são raras, estimando-se que ocorra menos de uma por cada 10.000 administrações.

 

Doentes com patologia respiratória e cutânea alérgica, tais como, por exemplo, rinite alérgica a pólenes ou urticária espontânea crónica, não apresentam, por si, risco aumentado de reação alérgica às vacinas. Doentes alérgicos a alimentos, como ao ovo, não apresentam também risco aumentado, contrariamente ao que acontece com outras vacinas, ainda que as reações sejam graves e que estes doentes sejam portadores de canetas auto-injetoras de adrenalina. As proteínas alimentares não fazem parte da composição das vacinas contra a COVID-19.

 

É necessário assim estratificar o risco de reação alérgica a estas vacinas, entre baixo, intermédio e elevado, sobretudo em doentes alérgicos a fármacos. Doentes que tenham anafilaxia a medicamentos, a vacinas, reação de hipersensibilidade aos excipientes das vacinas contra a COVID-19 (polietilenoglicol, polisorbato e/ou trometamol), e/ou diagnóstico de mastocistose sistémica, doença proliferativa dos mastócitos ou anafilaxias sem causa conhecida devem ser encaminhados à consulta de Imunoalergologia, para avaliação do risco. Se o Imunoalergologista entender necessário, devem realizar testes cutâneos com os excipientes das vacinas e, posteriormente, de acordo com o resultado dos testes e com a estratificação do risco, o Imunoalergologista pondera se a vacinação pode ser realizada em segurança, no Centro de Vacinação, ou se deverá ser realizada em contexto hospitalar.

 

Perante a existência de uma reação após a administração da vacina contra a COVID-19, é de extrema importância clarificar o quadro, ou seja, perceber se a reação se trata de uma reação adversa não alérgica ou de quadro de reação de hipersensibilidade. As reações de hipersensibilidade, nomeadamente as alérgicas, são habitualmente imediatas (de minutos até poucas horas após a administração de vacina) e envolvem frequentemente a pele e as mucosas. O doente pode mesmo sofrer uma anafilaxia grave e necessitar de tratamento urgente.

 

Na ocorrência de uma anafilaxia está contraindicada a administração da 2.ª dose da vacina e o doente deve ser estudado em consulta de Imunoalergologia, para ser avaliada a possibilidade de iniciar ou completar o esquema vacinal, utilizando outra marca de vacina contra a COVID-19.