Skip to main content

Açúcar: a ameaça escondida

publicado em 21 Ago. 2021

A obesidade é o sinal mais visível do excesso de consumo de alimentos. Tornou-se uma epidemia em países ricos, particularmente nos estratos sociais de baixa literacia. Constitui uma verdadeira doença, a curto ou médio prazo e, nestes tempos de pandemia COVID-19, a obesidade constitui um fator de mau prognóstico.

 

Em geral, uma pessoa é obesa, ou tem excesso de peso, quando ingere mais alimento do que o necessário. Entre as várias categorias de alimentos, os açúcares comuns, como a sacarose (açúcar de mesa) e a lactose (açúcar do leite), são dos principais responsáveis pela obesidade. No processo de digestão, qualquer deles, origina um outro açúcar mais simples, designado glucose, que entra rapidamente na corrente sanguínea.

 

Os riscos associados à obesidade são tão graves que a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabeleceu diretivas quanto ao seu consumo. Os valores referidos baseiam-se numa dieta de, em média, 2000 calorias diárias, para o adulto. Segundo a OMS, o consumo de açúcares deve corresponder a cerca de 10% da ingestão calórica (200 calorias).

 

Atualmente, pensa-se que a quantidade de açúcares numa dieta saudável deverá ser ainda menor – não mais de 5% das calorias ingeridas num dia (100 calorias). Isto corresponde a 25g de açúcar (6 colheres de chá). Tendo em conta que uma lata de refrigerante (330ml) tem 35 a 50g de açúcar, uma barrita de cereais (de 25g) tem 16g, e um iogurte de soja, frequentemente, tem mais de 10g, não é difícil perceber que facilmente excedemos as quantidades de açúcar recomendadas. Esta informação encontra-se nos rótulos dos alimentos, cuja leitura deve ser um hábito quando fazemos compras, para fazermos escolhas mais saudáveis. Grande parte dos alimentos processados, mesmo os que não consideramos doces, contêm açúcares.

 

Para a manutenção das funções vitais do organismo é necessária uma certa quantidade de glucose, produzida a partir de outros açúcares, como vimos acima. Qualquer excedente de glucose é transportado para o fígado, onde é convertido em triglicerídeos, que são os constituintes das gorduras; estas irão acumular-se sob a pele, nas coxas, ancas e braços ou, ainda pior, no abdómen (gordura visceral) e originar excesso de peso ou obesidade, conforme a gravidade.

 

A médio ou longo prazo, a ingestão excessiva de açúcar está associada, para além da obesidade, a outras patologias graves que podem afetar a qualidade de vida e a longevidade:

 

  • Hipertensão arterial e doenças cardiovasculares, como AVC e enfartes;
  • Diabetes tipo 2 e insuficiência renal;
  • Doenças reumatológicas, como a artrite;
  • Depressão e alterações de humor;
  • Disfunção erétil;
  • Problemas dentários (cáries e doença periodontal);
  • Possível contribuição para o desenvolvimento de doenças autoimunes, algumas neoplasias e envelhecimento da pele.

 

O consumo de alimentos doces é viciante, devido ao efeito da dopamina produzida no cérebro por ação da glucose. Devemos manter uma vigilância constante sobre a nossa alimentação. Para reduzir o consumo de açúcar podemos, por exemplo, satisfazer a necessidade de doce com uma peça de fruta ou recorrer a adoçantes alternativos ao açúcar, de preferência naturais (stevia, xilitol ou eritritol).

 

Se tem problemas de excesso de peso ou obesidade é importante procurar aconselhamento médico.