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AVC: o que significa “tempo é cérebro” ?

publicado em 29 Out. 2025

O Acidente Vascular Cerebral continua a ser uma das doenças mais preocupantes em Portugal dada a sua elevada mortalidade e incapacidade funcional nos doentes que sobrevivem.

 

A Sociedade Portuguesa do AVC e a Direção‑Geral da Saúde alertam que muitos casos poderiam ser evitados se fossem aplicadas as medidas preventivas. Em média, são admitidos nos hospitais portugueses 70 vítimas de AVC por dia.

Quais são as causas do AVC?

Esta doença ocorre devido à interrupção do suprimento de sangue numa determinada área cerebral o que condiciona morte rápida de células cerebrais.

 

Se o fluxo de sangue não for restabelecido o quanto antes, fica impedido que o oxigénio e os nutrientes alcancem o tecido cerebral, podendo assim condicionar sequelas permanentes ou morte. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, em 2022, morreram em Portugal por esta doença 9616 residentes – 7,7 % do total de óbitos.

Tipos principais de AVC

Os dois tipos principais de AVC são o isquémico que representa 80% dos casos, sendo a restante percentagem relativa ao AVC hemorrágico.

 

O AVC isquémico ocorre devido ao bloqueio de uma artéria cerebral por um um trombo (coágulo) e o AVC hemorrágico surge devido à rotura de um vaso sanguíneo no cérebro (provocado por hipertensão não controlada ou seja pressão arterial muito elevada, aneurismas ou malformações vasculares) o que leva a hemorragia no tecido cerebral ou ao seu redor.

 

Além da hipertensão, alguns fatores que aumentam o risco de desenvolver um AVC incluem a diabetes, arritmias cardíacas (ex. fibrilhação auricular), hipercolesterolémia, tabagismo, consumo excessivo de álcool, faixa etária acima dos 55 anos e antecedentes familiares de AVC.

Sinais e sintomas associados ao AVC

Os sinais e sintomas associados ao AVC são geralmente de início súbito e, para auxiliar na suspeita, há que saber a mnemónica dos “3F” (Face, Fala, Força).

 

  • Face: desvio da boca (“boca ao lado”) ou assimetria da face (ex. um lado da face mais descaído que o outro);
  • Fala: dificuldade ou alteração a falar (ex. voz arrastada, discurso confuso ou não compreensível, dificuldade em formar frases);
  • Força: diminuição da força ou paralisia de um braço ou perna (ex. ao levantar os dois braços, um cai).

 

Pode também apresentar-se com alterações da visão, tontura, dificuldade na coordenação motora ou equilíbrio, dor de cabeça intensa, dormência num lado do corpo ou membro, confusão mental ou alteração do estado de consciência.

 

Outro método proposto pela Associação Portuguesa do AVC é o SAFE: “Sorrir, Abraçar, Falar, Emergência”.

 

A identificação dos sinais e sintomas deve ser célere e é crucial o pedido de ajuda imediato (ligar 112). Apenas o rápido diagnóstico e tratamento do AVC minimizará os possíveis danos cerebrais e evitará sequelas permanentes ou até a morte. Assim, a lembrar sempre: “tempo é cérebro”!

 

Nas Unidades Hospitalares, a suspeita de AVC é uma emergência médica (a resposta deverá ser o mais imediata possível) e o seu diagnóstico, além da avaliação clínica inclui sempre o recurso a exames de imagem (tomografia e/ou ressonância magnética cerebral). Identificado o tipo de AVC, o tratamento é dirigido.

 

Na presença de AVC isquémico, quando indicados e além das medidas de suporte, os tratamentos disponíveis incluem medicamentos trombolíticos endovenosos (dissolvem o coágulo), trombectomia mecânica (procedimento endovascular por catéter que remove fisicamente o coágulo) e angioplastia com stent.

 

No caso de AVC hemorrágico, o foco incide no controle rigoroso e controlado da pressão arterial e pressão intracraniana, utilização de agentes reversores de medicamentos anticoagulantes ou mesmo intervenção neurocirúrgica para conter a hemorragia ou drenar o sangue.

Tratamento

A recuperação total ou parcial após um AVC depende da rapidez de identificação e tratamento e do grau de gravidade clínica estabelecido, sendo que envolve sempre uma abordagem multidisciplinar e em unidades de reabilitação dedicadas com vista à recuperação das funções afetadas sejam motoras, da linguagem e/ou cognitivas.

 

O AVC é uma doença prevenível através da implementação de hábitos de vida saudáveis:

 

  • Controlar a pressão arterial
  • Diabetes e colesterol no sangue
  • Respeitar uma alimentação saudável
  • Estabelecer a prática regular de exercício físico
  • Suspender o consumo de tabaco
  • Regrar o consumo de álcool

 

O alerta rápido de um possível AVC salva vidas!