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Cancro do colo do útero: a importância do rastreio e diagnóstico precoce

publicado em 27 Abr. 2017

O cancro do colo do útero é o tumor ginecológico mais mortífero a nível mundial, representando 6% dos tumores malignos ginecológicos. Todos os anos, surgem em Portugal mil novos casos.

 

Está claramente estabelecido que a infeção pelo vírus do papiloma humano (HPV) de alto risco é condição necessária para a génese do cancro do colo do útero, sendo este detetado em 99.7% dos cancros cervicais.

 

O HPV é um vírus de transmissão sexual que apresenta tropismo para a pele e mucosas anogenitais e orais. A infeção genital por HPV é muito comum e geralmente transitória – 75 a 80% dos adultos sexualmente ativos apresentam pelo menos um episódio de infeção por HPV antes dos 50 anos.

 

Quando a infeção se torna persistente, aumenta o risco de desenvolvimento de lesões precursoras do cancro do colo do útero.

 

MÉTODOS DE RASTREIO
O rastreio do cancro do colo do útero deve ser efetuado a todas as mulheres sexualmente ativas, de forma a diagnosticar precocemente lesões precursoras deste tipo de cancro.

 

Pode ser realizado através de três modalidades distintas: citologia cervical, teste de HPV e associação da citologia cervical e teste de HPV. Qualquer uma destas modalidades consiste na colheita de uma amostra de células do colo do útero durante a realização de um exame ginecológico e é indolor. O médico ginecologista aconselhará a regularidade com que a mulher deve realizar o rastreio, tendo em conta o seu grau de risco e a sua condição específica.

 

Perante um resultado anómalo na citologia cervical ou na pesquisa do HPV (principalmente HPV 16 ou 18) pode estar recomendada a realização de um procedimento ginecológico minimamente invasivo denominado colposcopia. Outras possíveis indicações são lesões suspeitas à observação do colo uterino ou coitorragias (hemorragias durante o ato sexual).

 

A colposcopia consiste na visualização amplificada do colo do útero, permitindo a identificação de áreas displásicas e possibilitando a realização de biópsias dirigidas das áreas anómalas. Trata-se de um procedimento realizado no âmbito da consulta de Ginecologia por médicos experientes com treino pós-graduado nessa técnica.

 

A colposcopia não é dolorosa e tem a duração de 10-20 minutos. É utilizado um aparelho denominado colposcópio que permite a amplificação do colo do útero e são aplicados solutos – ácido acético e soluto de lugol – de forma a que o médico ginecologista possa reconhecer lesões cervicais de baixo ou alto grau, que poderão ser sujeitas a biopsias – colheitas milimétricas de tecido do colo do útero com recurso a uma pinça de biópsia.
É importante realçar a extrema importância da realização atempada de uma colposcopia perante um resultado citológico anómalo, para o diagnóstico precoce de uma lesão cervical pré–maligna e posterior tratamento, quando indicado.

 

No Serviço de Ginecologia do Trofa Saúde Hospital em Braga Centro pode contar com um corpo clínico especializado e disponível.

 

Fontes:
• COMMITTEE ON PRACTICE BULLETINS – Gynecology (2016, 128: e111; Reaffirmed 2018): “Cervical Cancer Screening and Prevention”. DOI: 10.1097/AOG.0000000000001708. Indexed for MEDLINE, Practice Bulletin N.168, Obstet Gynecol. Consultado via https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27661651, em 09/04/2019;
• Mota F. (2012): “Compêndio de Ginecologia Oncológica”. ISBN: 9789727577835; Lidel – Edições técnicas, Lda.;
• Pedro A.; Pereira, J. (2014): “Colposcopia – Da prática à teoria”. ISBN: 9789897520075; Lidel – Edições técnicas, Lda.;
• PROGRAMA NACIONAL PARA AS DOENÇAS ONCOLÓGICAS (2017): “Programa Nacional para as doenças oncológicas”. ISSN: –; Direção-Geral da Saúde, Lisboa;
• SOCIEDADE PORTUGUESA DE GINECOLOGIA (2014): “Consenso sobre infeção por HPV e neoplasia intraepitelial do colo do útero, vulva e vagina”. Consultado via http://www.spginecologia.pt/uploads/Livro-de-Consenso–prova-3-FINAL.pdf, em 08/04/2019.