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Como aliviar a tosse?

publicado em 29 Jan. 2024

A tosse é um dos sintomas mais comuns pelo qual os doentes procuram os cuidados de saúde.

 

A tosse é um reflexo inato de defesa, que permite a libertação de secreções e partículas das vias aéreas e protege as mesmas da aspiração de corpos estranhos. A tosse pode estar associada a várias condições clínicas que irão condicionar o reflexo da tosse de forma variável no tempo. A tosse, quanto à sua duração, pode ser classificada em três categorias: aguda (duração de menos de 3 semanas), subaguda (persiste até 8 semanas) e crónica (ultrapassa as 8 semanas).

 

A causa mais comum de tosse aguda em adultos é o resfriado comum. Outras causas incluem exacerbações de asma ou doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), rinite ou rinossinusite, insuficiência cardíaca congestiva e pneumonia (vírica ou bacteriana). Na rinite, na rinossinusite e nas pneumonias existe secreção exagerada de muco que provoca irritação da via aérea. As exacerbações de asma e doença pulmonar obstrutiva crónica merecem observação médica atempada para ajuste da sua terapêutica de base e, se necessário, antibioterapia e corticoterapia oral. Uma insuficiência cardíaca normalmente associa-se a cansaço fácil, edema de membros inferiores (pernas inchadas) e dispneia (falta de ar) e merece observação atempada para estabilização e tratamento.

 

A tosse aguda, normalmente autolimitada, resolve com medidas de suporte, tais como hidratação vigorosa, o uso de anti-histamínicos e, por vezes, corticosteroides nasais. O uso de um desumidificador no quarto pode ser benéfico, e a redução ou cessação tabágica são de importância fulcral. Antibióticos em condições víricas não são indicados.

 

A tosse subaguda é frequentemente secundária à irritação contínua dos recetores da tosse após uma infeção vírica aguda, denominada “tosse pós-infeciosa”. Nestes casos, a tosse persiste além do quadro clínico que a exacerbou, por vezes durando até oito semanas após a infeção e tornando-a incapacitante para a vida diária, com impacto substancial na saúde física e psicológica.

 

Embora a tosse subaguda seja um motivo de preocupação frequente por parte dos doentes, o tratamento baseia-se, de forma similar à tosse aguda, em medidas de suporte. Em algumas situações poderá ser benéfico o uso de corticoterapia oral e outros fármacos como codeína, pregabalina ou brometo de ipratrópio inalado.

 

Causas possíveis de tosse crónica incluem a síndrome da tosse das vias aéreas superiores (STVAS), DPOC, asma tosse variante, apneia de sono, refluxo gastroesofágico, entre outros. A síndrome da tosse das vias aéreas superiores é a causa mais comum de tosse crónica, onde essencialmente ocorre rinorreia posterior persistente. Na DPOC verifica-se um acúmulo excessivo de secreção de muco nas vias aéreas e que predispõe o doente a infeções bacterianas, criando um ciclo contínuo de tosse. A asma tosse variante apresenta tosse ao invés da típica sibilância (chiadeira), e que normalmente exacerba com exercício, frio, riso ou infeções respiratórias. A apneia de sono é uma condição grave, caracterizada pela obstrução parcial ou completa da via aérea de forma transitória durante o sono, culminando em sonolência diurna excessiva. O refluxo gastroesofágico, por retropulsão de conteúdo ácido do estômago contra laringe e faringe, provoca irritação dos recetores laríngeos e microaspiração, mais frequentemente à noite, com o doente deitado.

 

O tratamento da tosse crónica é um desafio clínico. Um doente hipertenso com tosse crónica deve ser observado pelo seu médico – pode necessitar de alterar, por exemplo, o fármaco antihipertensor. Em condições que cursem com hiperreatividade da via aérea pode ser indicado o uso de corticóides, broncodilatadores e/ou anticolinérgicos inalados. A apneia de sono deve ser prontamente avaliada e tratada por pneumologista. O refluxo gastroesofágico deve ser tratado agressivamente, através da evicção de substâncias que predispõem ao refluxo, como chocolate, cafeína, álcool e tabaco, mediante a elevação da cabeceira da cama para prevenir a aspiração de conteúdo gástrico e inibidores da bomba de protões.

 

Acima de tudo, é fundamental entender que, na maioria dos casos, a tosse cede em cerca de 3 semanas, não sendo de todo imperativo a necessidade de recorrer aos cuidados de saúde. É fundamental a hidratação adequada, o descanso, e o seguimento de normas de etiqueta respiratória e uso de máscara, principalmente nos casos de febre ou mal-estar concomitante.