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Eletroconvulsivoterapia: tratamento psiquiátrico seguro e eficaz

publicado em 22 Nov. 2022

A Eletroconvulsivoterapia (ECT) é um dos tratamentos mais antigos e eficazes da psiquiatria. Pode ajudar através da melhoria do humor, redução de delírios e alucinações, aumento da mobilidade e funcionalidade e redução de carga de medicação.

 

Este tratamento consiste na aplicação de corrente elétrica no crânio do doente com objetivo de gerar uma convulsão, com efeitos terapêuticos. São várias as suas indicações terapêuticas, sendo sobretudo usado como última linha nas doenças psiquiátricas graves em que a medicação não é suficiente.

 

É um procedimento realizado sob anestesia geral, em internamento ou em ambulatório, sempre sob acompanhamento de uma equipa multidisciplinar. Um típico tratamento de ECT é composto por 6-12 sessões, realizadas duas ou três vezes por semana.

 

Na primeira sessão é determinada a dose adequada ao doente, o que garante uma convulsão eficaz com o mínimo de efeitos secundários. A este tratamento agudo pode seguir-se um tratamento de manutenção, com frequência cada vez mais espaçada, de semanal a quinzenal e depois mensal, sendo que a necessidade da sua realização varia caso a caso.

 

Tal como todos os tratamentos e apesar de cada vez mais controlado, a ECT também tem efeitos adversos. Os mais frequentes, embora pouco comuns, são dores musculares, dores de cabeça e mordedura da língua (resultantes da convulsão). Efeitos a nível da memória são os mais temidos, mas cada vez menos frequentes. No dia do tratamento é expectável que nas horas seguintes, não só pela convulsão, mas também pela anestesia, que surjam algumas dificuldades na memória a curto prazo, que são transitórias.

 

Por último, de referir que a ECT, apesar de ser um dos tratamentos mais eficazes na psiquiatria, é também dos mais estigmatizados. Inicialmente era feito sem critério, sem anestesia e sem doseamento de dose adequada, o que contribuiu para a imagem negativa dos ECT. Nessa altura, independentemente da eficácia nos sintomas psiquiátricos, os efeitos laterais eram incontornáveis.

 

Na segunda metade do século XX, a ECT renasceu, com implementação dos protocolos de anestesia geral, titulação individual da dose (dose mínima eficaz para ter efeito terapêutico) e uso criterioso de acordo com a indicação clínica. Atualmente, é considerado um tratamento seguro, eficaz e que não deve ser esquecido no tratamento dos doentes mais graves.