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Incontinência urinária: do diagnóstico ao tratamento

publicado em 14 Mar. 2022

A incontinência urinária (IU) é uma patologia comum, que tem um impacto profundo na qualidade de vida dos doentes, interferindo com o seu bem-estar físico, psicológico e social. É definida pela Sociedade Internacional de Continência (ICS) como a queixa de qualquer perda involuntária de urina (1).
A IU é mais comum em mulheres do que em homens, podendo afetar as mulheres em qualquer idade. A sua prevalência varia entre 10 e 40% (2). A IU tem vários graus de gravidade e pode ser dividida em três subtipos: incontinência urinária de esforço (IUE), incontinência urinária de urgência (IUU) e incontinência urinaria mista (IUM).

 

Na IUE ocorre perda involuntária de urina como consequência de um aumento súbito da pressão abdominal, na ausência de contrações do músculo detrusor (tossir, espirrar, exercício físico ou levantar pesos). As principais causas incluem gravidez, parto, alterações hormonais (menopausa), prolapso urogenital, excesso de peso. Na IUU ocorre vontade súbita e intensa de urinar, seguida de perda involuntária de urina. As suas principais causas são: idade avançada, infeção urinária, associada a bexiga hiperativa de causa neurológica, diabetes, hipertrofia da próstata. Na IUM verifica-se a combinação de queixas de incontinência de esforço e de urgência.

 

A avaliação médica inicial é de suma importância para definição da estratégia de tratamento e baseia-se na história clínica detalhada, exame físico que inclui a avaliação dos órgãos pélvicos, força e tónus dos músculos perineais e exame neurológico perineal. Em alguns casos pode ser necessária uma avaliação complementar, com análises laboratoriais à urina ou sangue, volume residual pós-micção, estudo urodinâmico, cistouretroscopia, ecografia entre outros.

 

O tratamento desta patologia é muito variado e deve ser individualizado. Pode incluir alterações no estilo de vida (redução peso), a prática regular de exercício físico e a reabilitação do pavimento pélvico (fisioterapia pélvica) (3). A fisioterapia do pavimento pélvico inclui o fortalecimento dos músculos do pavimento pélvico e a otimização da coordenação da contração voluntária, podendo ser associada ao biofeedback e eletroestimulação. Os exercícios de fortalecimento do pavimento pélvico (exercícios de Kegel) constituem a primeira linha de tratamento recomendado para a IUE, IUU e IUM (4).

 

Em alguns casos é necessário recorrer ao tratamento farmacológico (fármacos anticolinérgicos, B-agonistas, estrogénios, injeção intravesical de toxina botulínica) ou tratamento cirúrgico (com colocação de fitas sub-uretais ou neuromodulação sagrada. Em síntese, a incontinência urinária é um problema comum, cuja prevalência aumenta com a idade e reduz significativamente a qualidade de vida dos doentes. Atualmente estão disponíveis diversas formas de tratamento pouco invasivas e muito eficazes, devendo o doente procurar ajuda médica especializada.

 

Referências Bibliográficas:
(1) Abrams P, Cardozo L, Wein A, Khoury S. Incontinence: 4th International Consultation on Incontinence; Paris, France. Health Publications. 2009.
(2) Dannecker C, Friese K, Stief C, Bauer R. Urinary Incontinence in Women: Deutsches Arzteblatt International 2010; 107 (24): 420-6.
(3) Parker WP, Griebling T. Nonsurgical Treatment of Urinary Incontinence in Elderly Women. Clinical Geriatric Medicine. 2015. Nov;31(4):471-85.
(4) Goforth J, Langaker M. Urinary Incontinence in Women. NC Medical Journal. 2016;77 (6): 423-425.