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Lombalgia: um mal com muitos remédios, mas que tratamento selecionar para o seu caso?

publicado em 17 Jun. 2022

A lombalgia é um termo médico que se refere à presença de dor na região da coluna lombar, geralmente entre as últimas costelas e acima dos glúteos.

É muito frequente – estudos científicos estimam que até 80% das pessoas recorrem ao médico com este sintoma – e tem um impacto relevante em termos pessoais e profissionais.

Classicamente, dividimos a lombalgia em aguda (início súbito e de duração inferior a seis semanas), subaguda (sintomas entre seis e doze semanas de evolução) ou crónica (duração superior a doze semanas).

A intensidade e as características da dor variam muito de pessoa para pessoa. A dor pode ser intermitente (ex.: aquando a realização de esforços) ou constante. Acompanha-se, frequentemente, de dor que irradia para os membros inferiores.

O doente pode coxear ou referir falta de força numa das pernas. Podem surgir outros sintomas, que devem motivar a ida ao médico, como, por exemplo: emagrecimento, febre, infeções cutâneas ou urinárias de repetição.

A avaliação médica é essencial para a caracterização do quadro clínico, devendo ser complementada com o estudo radiológico.

O tratamento em primeira instância é dirigido à causa, sempre que a mesma é conhecida, tendo como objetivo principal o alívio da dor. Este deve englobar medidas de estilo de vida (ex.: medidas dietéticas, prática de exercício físico), correções biomecânicas (ex.: posturas durante o trabalho), bem como o tratamento farmacológico, em particular nos casos agudos, salientando-se o papel dos analgésicos, anti-inflamatórios e/ou relaxantes musculares. O complemento desta abordagem terapêutica inicial só fica concluído com a introdução de um programa de reabilitação orientado por Fisiatra [1].

Perante um quadro clínico que não se resolva com esta abordagem inicial, poder-se-á considerar outras opções terapêuticas, consideradas pela Organização Mundial de Saúde (na “escada da dor”). Estas opções incluem inúmeros procedimentos não farmacológicos, com recomendação robusta para o tratamento da dor persistente, em particular, procedimentos minimamente invasivos, como analgesia epidural, estratégias de neuromodulação (ex.: neuroestimuladores centrais e periféricos), bloqueios nervosos, procedimentos ablativos (ex.: radiofrequência, ablações por crioablação), entre outros. Destes destaca- se a radiofrequência, apoiada pela nossa experiência, bem como por estudos. Salientamos uma análise recente que aponta que 87% apresentaram 60% de alívio da dor, e que 60% tiveram um alívio de 90% da dor, doze meses após o tratamento [2].

Em alguns casos, a cirurgia poderá estar indicada, mas só deve ser ponderada seis meses a um ano após o início dos sintomas. A hipótese cirúrgica apenas deve ser equacionada quando se sabe especificamente qual a causa da lombalgia e o quadro não possa ser tratado com métodos não cirúrgicos.

Referências
[1] Spine J . 2020 Jul;20(7):998-1024. doi: 10.1016/ /j.spinee.2020.04.006
[2] Reg Anesth Pain Med . 2020 Jun;45(6):424-467. doi: 10.1136/rapm-2019-101243