Existem muitas histórias que giram em torno da gravidez. Há informações que até são verdadeiras, mas há outras que são apenas mitos que passam de geração em geração.
Um deles é que a grávida deve comer por dois. O aumento ponderal está relacionado com o índice de massa corporal (IMC) antes de engravidar. Uma mulher com IMC normal deve aumentar cerca de 12-16 kg, enquanto uma mulher obesa deve fazer um controlo rigoroso de forma a adquirir o menor peso possível (até 9 kg).
Cerca de 75% das grávidas sentem desejos de comer alimentos estranhos, fruto das alterações hormonais, mas a verdade é que se os desejos não forem saciados, não há repercussões sobre o feto. A azia não está relacionada com o facto de o bebé ser cabeludo ou não, mas é um reflexo das hormonas da gravidez que relaxam os esfíncteres esofágicos e favorecem o refluxo. Todas as grávidas deveriam ter um acompanhamento odontológico no período pré-natal, pois a gravidez é um estado de imunossupressão relativa, havendo um maior risco de infeções gengivais e cáries dentárias. As infeções dentárias não tratadas podem aumentar o risco de parto pré-termo.
Não há provas científicas de que o uso prolongado de pílulas contracetivas interfira na fertilidade da mulher. Antigamente, os médicos sugeriam que se fizessem “intervalos”, porque as pílulas tinham dosagens muito altas. Atualmente, as pílulas são de baixa dosagem e podem até contribuir para proteger o sistema reprodutivo na presença de patologias como endometriose ou síndrome do ovário micropoliquístico, reduzindo o risco do cancro do ovário.
Outro dos mitos é que a evicção tabágica provoca ansiedade materna que pode prejudicar o feto. O tabaco encontra-se associado a um aumento de risco de abortamento, malformações fetais, atraso de crescimento fetal e parto prematuro. O ideal é deixar de fumar. Contudo, nas grandes fumadoras a redução do consumo para 2-4 cigarros por dia já é uma enorme vantagem.
A forma da barriga não determina o sexo fetal e constitui um mito. O sexo fetal pode ser determinado na ecografia obstétrica ou, analiticamente, a partir das 8 semanas. As grávidas podem ter uma vida sexual normal e praticar exercício físico de baixo impacto (caminhada, bicicleta estática, pilates, natação, hidroginástica e ginástica localizada), desde que não surjam intercorrências durante a gravidez. Após o primeiro trimestre, a grávida pode pintar o cabelo com produtos que não contenham amónia ou utilizar cremes faciais que não contenham ácido glicólico ou retinóico na sua composição. A drenagem linfática é controversa, mas alguns estudos referem benefícios na redução dos edemas da grávida no final da gravidez. A depilação a laser não deve ser feita, pois não há estudos suficientes sobre a inocuidade deste procedimento.