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O papel do Terapeuta da Fala na reabilitação pós-avc

publicado em 13 Jan. 2025

Grande parte da intervenção do Terapeuta da fala junto da população adulta tem como foco sequelas do Acidente Vascular Cerebral (AVC).

 

O SNS preconiza o Acidente Vascular Cerebral (AVC) como uma doença onde um vaso sanguíneo é subitamente obstruído (chamado AVC isquémico) ou há rompimento do mesmo (chamado AVC hemorrágico), interferindo temporária ou permanentemente o funcionamento cerebral. Sendo esta a principal causa de morte e incapacidade em Portugal.

 

Doentes que sofrem AVC ficam com sequelas motoras, cognitivas ou comportamentais, impactando de forma profunda a vida social, profissional, familiar e o estado emocional do indivíduo. Estas sequelas variam mediante a localização cerebral da lesão.

 

A Reabilitação pós-AVC é imprescindível e determina a recuperação do doente, potenciando a funcionalidade de forma a melhor a qualidade vida e diminuir o impacto das consequências do AVC.

 

A Terapia da fala é parte integrante da equipa de reabilitação, com o objetivo de avaliar e intervir nas dificuldades de comunicação, linguagem, fala, alimentação (mastigação e deglutição) e de motricidade orofacial.

Mas afinal quais são as dificuldades adquiridas no doente com AVC? Qual o papel do Terapeuta da fala?

As perturbações que podem advir do AVC são a Afasia, a Disartria e a Disfagia.

 

A Afasia é uma perturbação adquirida da linguagem que afeta a capacidade da pessoa se expressar e/ou compreender o que é dito pelo outro, podendo ainda afetar a leitura e a escrita. Afetando diretamente a comunicação e impactando a relação entre pares, seja em seio familiar, profissional ou em lazer. Na Afasia, o terapeuta da fala direciona a intervenção para a reabilitação da linguagem compreensiva e/ou expressiva, tendo um papel muito importante junto dos cuidadores, de forma a partilhar estratégias comunicativas para potenciar a comunicação do indivíduo e para que este seja compreendido.

 

A Disartria é definida como a alteração da capacidade de utilizar a musculatura oral e respiratória durante a fala, afetando a inteligibilidade do discurso. A intervenção na Disartria pelo Terapeuta da fala deve ser adequada mediante o seu grau de severidade, podendo incidir-se na recuperação de uma ou mais áreas da fala afetadas ou na implementação de comunicação aumentativa e alternativa.

 

A Disfagia é uma alteração na passagem do alimento da cavidade oral até ao esófago, comprometendo a segurança da deglutição, havendo passagem de alimento para as vias aéreas. O Terapeuta da fala, na perturbação da deglutição, é o responsável por adequar a dieta à severidade da disfagia e utilizar técnicas específicas para reeducar a deglutição e restabelecer a função da musculatura e estruturas envoltas ao processo.

 

Em todas estas perturbações o Terapeuta da fala avalia detalhadamente as dificuldades do indivíduo, de modo a traçar um plano individualizado, com base em objetivos específicos delineados em concordância com as expectativas do doente. O objetivo major é sempre a maximização das competências e a diminuição do impacto das sequelas do AVC no dia a dia do indivíduo.