A ansiedade é um elemento normal da vida. É um “mensageiro” que tenta avisar-nos de que algo está errado. Todos sofremos, pelo menos uma vez na vida, uma crise de ansiedade ou sintomas relacionados com a ansiedade.
Uma das fontes mais comuns de ansiedade é negar a presença de emoções que percebemos como desagradáveis: tristeza, frustração, raiva, falta de amor, ressentimento… São emoções naturais da vida e como tal devemos aceitá-las e geri-las.
A ansiedade é um fluxo de energia muito intenso desencadeado pelo sistema de alarme, que nos ajuda a sobreviver face a um perigo real ou imaginário. Quando este fluxo não encontra uma saída útil, sentimo-lo como ansiedade.
A ansiedade também pode ser gerada pela sobrecarga mental, quando um pensamento se torna demasiado ruminante. A energia “desce” da cabeça para o corpo, ativando o sistema nervoso simpático. Este é o responsável pelas respostas ao stress. Pode traduzir-se num constante sentimento de perigo, como se algo estivesse prestes a acontecer a cada instante.
A ansiedade pode ser uma resposta física a um estímulo condicionado. Assim como salivamos ao cheiro dos alimentos, ou à súbita visão de uma cobra podemos saltar de medo, certos estímulos geram automaticamente ansiedade.
Sintomas físicos de ansiedade:
- roer as unhas,
- inquietude e tremores de pernas e braços,
- tonturas, vómitos e sensação de desmaio,
- irritabilidade e dificuldade em dormir,
- dores no peito e palpitações,
- falta de ar e dificuldade em respirar,
- dores de estômago e/ou diarreia,
- tensão muscular dolorosa.
A ansiedade pode apresentar-se de formas tão subtis que nem se dá conta de que está lá. Por exemplo: taquicardia fugaz, dormência muscular, suor, evitar situações inconscientes, preocupação excessiva, episódios de vertigens e enjoo.
A ansiedade pode tornar-se tão absurda que é despertada mesmo em situações que aparentemente não têm nada de perigoso. No entanto, o nosso cérebro pode detetar nelas algo que ativa o sistema de alarme. Quando isto acontece com muita frequência, chamamos-lhe ansiedade generalizada.
A ansiedade NÃO mata. Os sintomas são muito chocantes e face a um ataque de ansiedade pode parecer que vamos morrer a qualquer momento. Mas a verdade é que não se conhece nenhum caso de morte por ansiedade.
Existem múltiplas formas terapêuticas de lidar com a ansiedade, para que esta possa ser curada. Nem sempre viveu com ela, pode trabalhar para voltar a um ponto de pré-ansiedade na sua vida. Pode aprender a gerir tanto estímulos externos como internos que provocam ansiedade.
Recentemente o longo período de pandemia constituiu um poderoso acelerador de criação e difusão de estados de ansiedade, que atingiu mais particularmente o pessoal hospitalar, os serviços do INEM, dos bombeiros e todos os que por inerência do seu trabalho se encontravam em primeira linha e estavam mais expostos ao contágio pelo SARS-CoV-2 e ao stress resultante de uma carga de trabalho anormal e extenuante.
Para a maioria dos nossos congéneres a incerteza causada pelos confinamentos sucessivos e Estados de Emergência e a magreza esquelética dos resultados obtidos constituiu uma alavanca colossal para os precipitar na ansiedade.
A porta estava aberta para que a ansiedade tivesse penetrado em força nos nossos lares: inquietação sobre o futuro dos empregos e por consequência da estabilidade económica da família, da educação dos filhos e do valor do ensino, a ser-lhes dispensado em muitos casos sem aulas presenciais, da saúde dos idosos e dos familiares atingidos por comorbidades.
Convêm adotar com a ajuda de um psicólogo uma estratégia coerente para combater este companheiro de vida indesejável que diminui o nosso potencial, nos põe nos ombros um peso indesejável e contraproducente.