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O risco de desenvolver doença de Alzheimer

publicado em 20 Set. 2023

Observa-se um aumento significativo no número de casos de doença de Alzheimer. Doentes e familiares tendem a assumir que a doença se deve exclusivamente a genética e acreditam que o declínio é inevitável. Esta crença conduz ao pensamento de que pouco há a fazer e o processo é devastador.

 

A verdade é que as escolhas que fazemos todos os dias determinam o nosso destino cognitivo. Sabemos agora que a doença de Alzheimer, e a saúde cognitiva global, são profundamente influenciadas por cinco principais fatores do estilo de vida: nutrição, exercício físico, relaxamento e serenidade, renovação e otimização. O cérebro é vivo e reage profundamente à forma como é tratado, alimentado, estimulado e às oportunidades de descansar, regenerar e adaptar-se.

 

Cada pessoa poderá ter um risco particular de desenvolver doença de Alzheimer. O risco de desenvolver doença de Alzheimer, e o plano para a evitar ou retardar, é avaliado pela ponderação dos fatores modificáveis e não modificáveis.

 

Fatores de risco não modificáveis

São, sobretudo, a idade e o perfil genético. Sabe-se que a doença de Alzheimer começa a lançar as suas bases no organismo décadas antes de ser diagnosticada e, por isso, a prevenção é muito relevante para evitar esse desfecho. Ter familiares com algum tipo de demência ou doença vascular é um fator de risco não modificável que aponta para um perfil genético que requer cuidados com a saúde do cérebro.

 

Fatores de risco modificáveis

São aqueles que os estudos demonstraram contribuir para o desenvolvimento da doença: inflamação, oxidação, desregulação lipídica, desregulação da glicose, stress e cansaço mental e cerebral. Estão ao nosso alcance controlar e influenciam, também, a manifestação dos fatores de risco não modificáveis, pelo que são o melhor caminho para manter saúde cerebral, prevenir a doença de Alzheimer – e outras demências – e retardar a evolução da doença quando já diagnosticada.

Assim importa cuidar da saúde do cérebro apostando nas seguintes áreas do seu estilo de vida:

 

Nutrição: reduzir o açúcar, o álcool e as carnes. Diversificar a alimentação, nomeadamente: vegetais, frutos secos, sementes e fontes de gordura saudável, evitando produtos processados. Incluir prebióticos e probióticos.

 

Exercício físico: evitar o sedentarismo e incluir na rotina diária, ou semanal, ao longo dos anos, momentos de atividade física.

 

Reduzir o stress: em muitas situações não é possível reduzir o stress da vida quotidiana, mas deve-se incluir momentos muito frequentes (preferencialmente diários ou algumas vezes por semana) de relaxamento e serenidade para possibilitar alívio, regeneração e sincronia. Caminhadas de 10 minutos, pequenos momentos de meditação, respirações profundas, afirmações positivas, rituais de serenidade como, por exemplo, beber um chá em tranquilidade à mesma hora, são alguns exemplos. Rir, passear e conviver são, também, bons exemplos.

 

Sono: avalie e trabalhe constantemente para a qualidade do seu sono. Faça da qualidade do seu sono uma prioridade. São necessárias 7 a 8 horas de sono reparador ao longo dos anos. Bom sono permite processos cerebrais de renovação.

Atividade mental: manter a estimulação mental diária é importante. Aprender coisas novas, desenvolver a criatividade e resolver problemas deverão ser componentes presentes no seu quotidiano. Aprenda novas receitas, descubra novos lugares, faça novas conjugações de roupa ou mude algo em casa. Ler, ajudar o próximo, trabalho social, envolver-se nos problemas de quem o rodeia e relacionar-se afetivamente e socialmente também contam como atividades estimulantes. Inicie uma nova atividade e desenvolva gostos antigos. Música, dança, artes são exemplos de atividades multimodais que estimulam muito já que apelam a diversas competências.

Atividade social: a ausência de relações próximas satisfatórias que resultem em emoções positivas, propósito e sentido de pertença é um fator de risco de extrema relevância. Assim, mantenha as suas relações com zelo, envolva-se com quem está à sua volta e ajude. Procure voluntariado ou grupos sociais perto de si ou, simplesmente, comece por quem está mais próximo. Uma vivência mental (cognitiva e emocional) saudável e positiva mantém a saúde cerebral e bons níveis do que importa, por exemplo, baixa o stress e cortisol.

Cuidados médicos nas doenças modificáveis: há um conjunto de doenças que deverão ser bem acompanhadas medicamente a fim de evitar a doença de Alzheimer: hiperglicemia ou diabetes, colesterol elevado, AVC, AIT, doença pulmonar obstrutiva crónica, tabagismo, doença da tiroide, depressão, ansiedade, défice de vitamina B12, índice de massa corporal superior a 30, doença cardíaca ou das artérias coronárias e apneia do sono.

Poderá começar a implementar mudanças positivas no seu estilo de vida. Se tiver sintomas de declínio cognitivo, deverá consultar um profissional de saúde. Neurologia será a especialidade adequada para quem já deteta declínio cognitivo, mas, se preferir o seu médico habitual, Psicólogo ou Psiquiatra, estes profissionais também poderão fazer um despiste inicial e ajudar nos primeiros passos. Poderá verificar se tem motivos para marcar uma consulta neste questionário.

Se achar benéfico, poderá ter acompanhamento, também, no processo de implementação das mudanças para um estilo de vida mais saudável. Visite o médico de Medicina Geral e Familiar e o Psicólogo frequentemente. Estes profissionais acompanham e orientam o seu estilo de vida e monitorizam valores relevantes no seu organismo e no seu estado mental sinalizando quando algo está em desequilíbrio. Lembre-se que, manter, ao longo dos anos, a saúde do cérebro atuando nos fatores acima descritos, é a única forma controlável de evitar ou amenizar a doença de Alzheimer e outras demências, ao mesmo tempo que contribui para melhoria na saúde em geral e uma vivência subjetiva feliz e empoderada. Vale a pena apostar em si e cuidar de si!