A tensão arterial (TA) consiste na força que o sangue exerce na parede das artérias durante a circulação.
Como se define a hipertensão arterial?
O diagnóstico de hipertensão arterial (HTA) é feito quando uma pessoa apresenta medições de tensão arterial sistólica (TAS, comumente designada como TA máxima) ≥ a 140 mmHg e/ou de tensão arterial diastólica (TAD, comumente designada como TA mínima) ≥ 90 mmHg, em pelo menos 2 ocasiões diferentes. Uma avaliação por MAPA (monitorização ambulatorial da pressão arterial), com uma média nas 24 horas de tensão arterial sistólica ≥ 130 mmHg ou tensão arterial diastólica ≥ 80 mmHg, ou ainda, uma média diurna ≥ 135 mmHg de tensão arterial sistólica ou ≥ 85 mmHg de tensão arterial diastólica também permitem firmar o diagnóstico de hipertensão arterial.
Assim, a tensão arterial é considerada normal se a tensão arterial máxima (TAS) < 130 mmHg e a tensão arterial mínima < 85 mmHg. Considera-se tensão arterial elevada se TAS estiver entre 130 e 139 mmHg e/ou a TAD estiver entre 85 e 89 mmHg.
A hipertensão da bata branca é definida como pressão arterial que é consistentemente elevada nas avaliações em consultório, mas que não reúne os critérios diagnósticos de HTA com base nas leituras fora do consultório ou MAPA.
Como deve ser avaliada a tensão arterial?
É extremamente importante que seja utilizada uma técnica adequada e padronizada na medição da tensão arterial, tanto no consultório quanto no domicílio. Deve preferencialmente ser utilizado um dispositivo automático e validado, que mede a tensão arterial no braço. A medição da tensão arterial deve ser efetuada num local silencioso após cinco minutos de repouso na posição sentada, com as costas e os braços apoiados e as pernas descruzadas. Nos 30 minutos anteriores à avaliação da tensão arterial deve-se evitar fumar, comer, tomar café ou fazer exercício físico. A MAPA de 24 horas é o método preferido para confirmar o diagnóstico de hipertensão arterial e hipertensão da bata branca.
Causas da hipertensão arterial
Existem várias condições médicas, algumas frequentes e outras mais raras, que podem aumentar a tensão arterial e levar à chamada hipertensão secundária.
As principais causas de hipertensão secundária incluem:
- Medicamentos (com prescrição médica ou de venda livre) incluindo a “pílula”, medicamentos utilizados para a dor da classe dos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), várias classes de antidepressivos, corticoides, descongestionantes nasais, entre outros.
- Uso de drogas ilícitas: drogas como as metanfetaminas e a cocaína podem aumentar a TA.
- Doença renal: tanto a insuficiência renal aguda como a doença renal crónica podem levar à HTA
- Apneia obstrutiva do sono
Na maioria dos casos não está presente nenhuma das condições que definem hipertensão arterial secundária e o doente tem a chamada hipertensão arterial primária e/ou essencial. Vários fatores estão forte e independentemente associados ao seu desenvolvimento, incluindo:
- Idade
- Obesidade
- História familiar
- Raça: a HTA é mais frequente, mais grave, tendencialmente mais precoce em doentes de etnia afro-americana.
- Consumo excessivo de sal e/ou álcool
- Inatividade física
- Má qualidade do sono ou reduzido número de horas de sono
Complicações da hipertensão arterial
A hipertensão arterial está associada a um aumento significativo no risco de eventos cardiovasculares e lesão renal nomeadamente:
- Hipertrofia ventricular esquerda (HVE), achado descrito no Ecocardiograma
- Insuficiência cardíaca (IC)
- AVC isquémico
- Hemorragia intracerebral
- Doença cardíaca isquémica, incluindo enfarte e “angina de peito”
- Doença renal crônica e doença renal em estadio terminal
A hipertensão é o fator de risco modificável mais prevalente para doenças cardiovasculares prematuras, sendo mais comum que o tabagismo, a dislipidemia ou a diabetes, que são os outros principais fatores de risco. A probabilidade de ter um evento cardiovascular aumenta à medida que a pressão arterial aumenta.
Tratamento da hipertensão arterial
A modificação do estilo de vida deve ser recomendada a todos os doentes com tensão arterial elevada ou hipertensão arterial.
De entre as medidas não farmacológicas destacam-se:
- Restrição de sal na dieta
- Perda de peso
- Dieta DASH, rica em vegetais, frutas, laticínios com baixo teor de gordura, grãos integrais, aves, peixes e nozes e pobre em doces, bebidas açucaradas e carnes vermelhas
- Exercício físico
- Ingestão limitada de álcool
Terapêutica farmacológica:
A decisão de iniciar a terapia medicamentosa deve ser individualizada e envolver uma tomada de decisão compartilhada entre o médico e o doente. Em geral, está indicada a terapêutica medicamentosa anti-hipertensiva nos doentes com hipertensão arterial e nos doentes com tensão arterial elevada com uma ou mais das seguintes características:
- Doença cardiovascular estabelecida (ex: doença cardíaca isquémica, insuficiência cardíaca, doença carotídea, acidente vascular cerebral prévio ou doença arterial periférica)
- Diabetes mellitus tipo 2
- Doença renal crônica
- Idade igual ou superior a 65 anos
A maioria dos doentes necessitará de mais de uma classe medicamentosa para atingir a tensão arterial alvo. Existem diversas classes de fármacos anti hipertensores, o que permite que o esquema terapêutico seja individualizado de acordo com as características e preferências individuais do doente.