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Regresso à escola: cuidado com as alergias alimentares

publicado em 19 Set. 2021

As alergias alimentares são muito frequentes, estimando-se que nos países mais desenvolvidos a sua prevalência seja de 6-8% nas crianças e de 2-3% nos adultos.

 

A alergia alimentar consiste numa resposta anormal do sistema imunitário às proteínas de alimentos. Pode surgir após a ingestão (a mais frequente), contacto com a pele/mucosas ou pela inalação de vapores/fumo durante a confeção do alimento em causa. A forma mais comum é a que resulta na formação de anticorpos de tipo IgE, com os sintomas a surgirem geralmente nos primeiros 30 minutos após exposição ao alimento.

 

Estes sintomas manifestam-se mais frequentemente na pele e mucosas, com lesões cutâneas (pápulas), comichão e inchaços. Os doentes podem queixar-se de cólicas, vómitos ou diarreias. A nível do aparelho respiratório e cardiovascular pode surgir tosse, pieira, falta de ar, aumento da frequência cardíaca, descida da pressão arterial e perda de consciência.

 

Se os sintomas surgem em mais do que dois órgãos ou sistemas, é considerada uma reação alérgica grave, designada por anafilaxia e que se não for adequadamente tratada pode pôr em causa a vida do doente.

 

O diagnóstico é baseado na história clínica e nalguns exames complementares, como os testes cutâneos, análises ao sangue e eventualmente provas de provocação oral com o alimento suspeito.

 

Qualquer alimento pode causar alergia alimentar. Nas crianças, os alimentos mais implicados são o leite de vaca, ovo, trigo e frutos secos. Nos adultos são os peixes, marisco e frutos secos. A maioria das alergias alimentares resolve até à idade escolar. Se surgir na idade adulta, é menos provável o seu desaparecimento.

 

As alergias alimentares podem afetar a qualidade de vida das crianças e dos seus pais. Existe o receio de reações alérgicas graves por ingestão acidental do alimento a que são alérgicos, o que os leva a evitar festas de aniversários, visitas ou festas escolares, comer em restaurantes ou cantinas escolares.

 

A abordagem terapêutica das alergias alimentares consiste no tratamento dos episódios agudos e na exclusão (evicção) da dieta do alimento implicado na alergia alimentar.

 

Nas alergias graves, os doentes devem ser portadores de um dispositivo de adrenalina para autoadministração e de um plano escrito de tratamento, com instruções acerca da utilização da medicação, em função da gravidade dos sintomas apresentados. A evicção do alimento implicado obriga ao planeamento cuidadoso das refeições e a ler atentamente os rótulos das embalagens dos alimentos. A escola ou infantário devem estar informados acerca da alergia alimentar e do plano de tratamento de urgência da criança.

 

Mais recentemente surgiram novas opções terapêuticas, como a indução de tolerância ou dessensibilização oral, disponíveis em centros mais especializados.