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Salve o menisco!

publicado em 25 Set. 2019

Os meniscos têm funções extremamente importantes no joelho. Absorvem os impactos, conferem estabilidade e têm funções propriocetivas, ou seja, encaminham ao sistema nervoso central através dos seus recetores nervosos informações acerca da postura e posição do membro.

 

Como diagnosticar uma rotura meniscal
Diagnosticar uma rotura do menisco depende sobretudo de entender os sintomas e o mecanismo de ação do evento traumático, da realização de um exame físico adequado e de estudos complementares de diagnóstico. É importante a avaliação do eixo mecânico do membro inferior que poderá ser feito numa radiografia extralonga do membro inferior. A mesma lesão meniscal poderá ter tratamento diferente num joelho com morfotipo em varo ou em valgo (joelhos “arqueados” ou joelhos “metidos para dentro”). A Ressonância Magnética acrescenta informações importantes acerca da localização e tipo de rotura, que são fundamentais para planear o tratamento.

 

Como salvar o menisco
A preservação da função dos meniscos passa sempre pelo uso de técnicas de reparação (o que nem sempre é possível) e não de remoção do tecido meniscal.

 

Os procedimentos de reparação meniscal são bastante mais diferenciados do que uma simples remoção do tecido meniscal e exigem do cirurgião bastante mais experiência com as diferentes técnicas e com diferentes dispositivos médicos de sutura e reparação.
Alguns tipos de rotura, que são foco de atenção especial nos últimos anos, exigem ainda mais diferenciação e uso de dispositivos especiais. Dentro desse foco estão as roturas radiais dos meniscos, as roturas tipo “ramp” e as roturas das raízes meniscais.

 

Estas lesões, muitas vezes associadas às roturas do ligamento cruzado anterior, quando não reparadas podem comprometer de modo significativo as funções meniscais de estabilização e absorção dos impactos e a própria cirurgia ligamentar.

 

Recuperação após a cirurgia meniscal
A reabilitação pós-operatória também é fundamental, é mais exigente e rigorosa e determina o sucesso da cirurgia.
Numa fase inicial há uma necessidade de proteger a reparação limitando a mobilidade e a carga.

 

Após uma meniscectomia a maior parte dos atletas retomam o nível de atividade pré-lesional entre as 7 e as 9 semanas. Após uma cirurgia de reparação meniscal isolada a retoma desportiva será entre os 4 e 6 meses. Se for associada a uma reconstrução ligamentar prevalece o tempo de recuperação dessa última cirurgia ligamentar.
Atendendo ao tempo de recuperação da reparação meniscal é difícil, no contexto desportivo e não só, propor a reparação meniscal.

 

Concluindo
O diagnóstico mais preciso das lesões, a melhoria crescente das técnicas cirúrgicas de reparação, o desenvolvimento de dispositivos médicos mais diferenciados e distintos para os diferentes tipos de lesões, assim como a possibilidade de uso de materiais biológicos para melhorar o processo de cicatrização levaram a uma taxa de sucesso crescente da cirurgia de reparação e são as explicações que fizeram inclusive que a expressão “salvar o menisco” se tenha tornado um slogan das grandes reuniões médicas da especialidade.

 

Por tudo isto, se há uns anos uma das limitações da reparação era a idade ou o tempo de retorno ao desporto ou a taxa de sucesso da reparação, todos estes desenvolvimentos e a perceção de que a perda de tecido meniscal deve ser considerada uma condição pré-artrósica, fizeram ampliar as indicações de reparação para doentes mais velhos, assim como foram estendidas para a população atlética.

 

É objetivo da comunidade médica científica progredir no sentido da reparação sempre, permitindo dar aos doentes uma longevidade ao seu joelho que corresponda à sua expectativa de vida.