A consulta de Medicina Geral e Familiar é um espaço privilegiado para o Médico de Família poder ver o panorama do doente num modelo biopsicossocial, integrado no seu contexto familiar.
Os problemas respeitantes à sexualidade, apesar de relativamente frequentes, são, contudo, pouco explorados no âmbito do consultório por variadas razões: os doentes sentem-se pouco à vontade em dialogar sobre um tema que ainda é visto como um “tabu” na sociedade, apresentam alguma timidez na revelação da sua vida íntima e dos problemas relacionadas com a função sexual (sejam eles de carácter orgânico ou psicológico), não se encontram confortáveis por não se sentirem devidamente definidos no que concerne às questões de identidade de género ou como vivenciam a sua sexualidade (heterossexual, homossexual, bissexual, assexual, etc…) ou ainda porque estabelecem um preconceito errado sobre os motivos de eventuais disfunções que possam surgir na vivência da sua sexualidade.
O especialista em Medicina Geral e Familiar com experiência na área da sexologia clínica pode, oportunamente com os doentes, abordar a sexualidade dos mesmos e os possíveis problemas que daí decorrem, nomeadamente alterações do desejo sexual, disfunções sexuais (tais como disfunção erétil e alterações ejaculatórias no caso dos homens e diminuição da lubrificação vaginal e dificuldades em atingir o orgasmo no caso das mulheres), problemas relacionados com a identidade de género e também com a orientação sexual.
Da mesma forma, o médico com aptidões em sexologia clínica entende como a deficiência física e determinadas doenças crónicas (tais como diabetes, hipertensão, patologia cardíaca, entre muitas outras) podem comprometer a vivência da sexualidade, assim como o próprio processo de envelhecimento pode trazer consigo alterações na forma de interação sexual com o parceiro.
Se por um lado certas situações podem ser orientadas na própria consulta (quer com terapêutica farmacológica, quer com o ultrapassar de barreiras psicológicas e desmistificação de preconceitos), outras circunstâncias poderão necessitar que o Médico de Família aconselhe o acompanhamento numa(s) outra(s) especialidade(s), ou ainda sugerir a referenciação a consulta de psicologia clínica, de modo a poder realizar-se uma abordagem multidisciplinar da situação clínica apresentada pelo doente.
Se existe um problema do âmbito sexual, não hesite em falar com o seu médico de Medicina Geral e Familiar, pois certamente haverá uma forma de o poder ajudar e aconselhar naquilo que tanto o perturba.
