É preferível fazer psicoterapia ou tomar medicamentos?
A resposta é: depende. Depende da psicopatologia em si, sobretudo.
Certas problemáticas respondem melhor à psicoterapia, outras à terapia medicamentosa, outras ainda têm uma melhoria mais significativa se juntarmos os dois tipos de terapia. Contudo, a opinião entre os profissionais da saúde mental não é unânime.
Vantagens da Psicoterapia
- A psicoterapia acede à complexidade do funcionamento humano, indo à origem do problema
- Promove o crescimento pessoal e da autonomia
- Promove o desenvolvimento de estratégias adaptativas
- Permite uma experiência mais integradora do problema
- Aumenta a consciência
- Promove a literacia em saúde mental
- Resultados duradouros
Desvantagens da Psicoterapia
- Prolongada no tempo
- A sua eficácia (ou o modo como atua) carece de mais estudos científicos
Vantagens da Medicação
- Mais fácil de avaliar os seus efeitos
- Melhoria mais rápida dos sintomas
- Incremento da esperança e redução da desmoralização
- Controlo mais sistemático da ação
- A diminuição mais rápida do sofrimento, disponibiliza mentalmente a pessoa para a intervenção psicológica
- Poderá ser a terapia mais apropriada, dependendo dos recursos psicológicos da pessoa
- Mais acessível ao público em geral
- Efetividade do custo-benefício
Desvantagens da Medicação
- Apenas trata o sintoma, não a origem do problema
- Pode em alguns casos provocar dependência
- Pode provocar efeitos indesejados (ex.: sonolência)
- Desresponsabiliza a pessoa do processo de cura
- Os efeitos da medicação podem reduzir a motivação para a psicoterapia
- Não resolve o problema de base (a pessoa deixa de tomar e os sintomas voltam)
Para muitos problemas psicológicos, é preferível começar por apenas uma modalidade de terapia, a terapia psicológica. Mas cada caso é um caso, pois quadros psicóticos e demenciais precisam obrigatoriamente de medicação, ou quadros mais severos de depressão com tentativa de suicídio, por exemplo.
Exemplos de diferenças nos resultados entre Psicoterapia e Terapia Medicamentosa
- Para o tratamento do transtorno obsessivo compulsivo, a investigação indica que a terapia comportamental é mais efetiva que a combinação das duas terapias, quando os sintomas são sobretudo compulsivos; o inverso também é verdade se os sintomas forem principalmente obsessivos.
- Na depressão crónica com um transtorno da personalidade, a farmacoterapia é menos efetiva do que a psicoterapia quando aplicada como abordagem terapêutica única.
- Para o tratamento de fobias, a psicoterapia é mais consistente do que a medicação, além de produzir efeitos a longo prazo.
- Estudos indicam que no tratamento da perturbação obsessivo compulsiva, stress pós-traumático e ansiedade generalizada, a abordagem medicamentosa e comportamental/psicológica é igualmente efetiva.
- No tratamento da depressão maior, psicoterapia e medicação antidepressiva são igualmente efetivas e revelam eficácia adicional quando combinadas.
- No tratamento dos transtornos alimentares, a psicoterapia revela-se mais promissora do que a medicação.
Estatisticamente, a maioria dos psicofármacos são prescritos pelos médicos de família e não por psiquiatras, especialistas em psicofarmacologia.
É importante prestar atenção não só aos efeitos secundários, mas igualmente à interação entre os vários medicamentos que possa estar a tomar!
Por vezes, as pessoas creem ter mais um problema, quando na verdade trata-se de um efeito secundário do medicamento ou de uma interação medicamentosa.
Não se automedique, não altere a dosagem nem suspenda a toma de psicofármacos de forma abrupta! Aconselhe-se junto do seu médico.