Skip to main content

Tomar medicamentos para tratar problemas mentais, emocionais e comportamentais: sim ou não?

publicado em 06 Jun. 2024

É preferível fazer psicoterapia ou tomar medicamentos?

A resposta é: depende. Depende da psicopatologia em si, sobretudo.

 

Certas problemáticas respondem melhor à psicoterapia, outras à terapia medicamentosa, outras ainda têm uma melhoria mais significativa se juntarmos os dois tipos de terapia. Contudo, a opinião entre os profissionais da saúde mental não é unânime.

Vantagens da Psicoterapia

  • A psicoterapia acede à complexidade do funcionamento humano, indo à origem do problema
  • Promove o crescimento pessoal e da autonomia
  • Promove o desenvolvimento de estratégias adaptativas
  • Permite uma experiência mais integradora do problema
  • Aumenta a consciência
  • Promove a literacia em saúde mental
  • Resultados duradouros

Desvantagens da Psicoterapia

  • Prolongada no tempo
  • A sua eficácia (ou o modo como atua) carece de mais estudos científicos

Vantagens da Medicação

  • Mais fácil de avaliar os seus efeitos
  • Melhoria mais rápida dos sintomas
  • Incremento da esperança e redução da desmoralização
  • Controlo mais sistemático da ação
  • A diminuição mais rápida do sofrimento, disponibiliza mentalmente a pessoa para a intervenção psicológica
  • Poderá ser a terapia mais apropriada, dependendo dos recursos psicológicos da pessoa
  • Mais acessível ao público em geral
  • Efetividade do custo-benefício

Desvantagens da Medicação

  • Apenas trata o sintoma, não a origem do problema
  • Pode em alguns casos provocar dependência
  • Pode provocar efeitos indesejados (ex.: sonolência)
  • Desresponsabiliza a pessoa do processo de cura
  • Os efeitos da medicação podem reduzir a motivação para a psicoterapia
  • Não resolve o problema de base (a pessoa deixa de tomar e os sintomas voltam)

Para muitos problemas psicológicos, é preferível começar por apenas uma modalidade de terapia, a terapia psicológica. Mas cada caso é um caso, pois quadros psicóticos e demenciais precisam obrigatoriamente de medicação, ou quadros mais severos de depressão com tentativa de suicídio, por exemplo.

Exemplos de diferenças nos resultados entre Psicoterapia e Terapia Medicamentosa

  • Para o tratamento do transtorno obsessivo compulsivo, a investigação indica que a terapia comportamental é mais efetiva que a combinação das duas terapias, quando os sintomas são sobretudo compulsivos; o inverso também é verdade se os sintomas forem principalmente obsessivos.
  • Na depressão crónica com um transtorno da personalidade, a farmacoterapia é menos efetiva do que a psicoterapia quando aplicada como abordagem terapêutica única.
  • Para o tratamento de fobias, a psicoterapia é mais consistente do que a medicação, além de produzir efeitos a longo prazo.
  • Estudos indicam que no tratamento da perturbação obsessivo compulsiva, stress pós-traumático e ansiedade generalizada, a abordagem medicamentosa e comportamental/psicológica é igualmente efetiva.
  • No tratamento da depressão maior, psicoterapia e medicação antidepressiva são igualmente efetivas e revelam eficácia adicional quando combinadas.
  • No tratamento dos transtornos alimentares, a psicoterapia revela-se mais promissora do que a medicação.

Estatisticamente, a maioria dos psicofármacos são prescritos pelos médicos de família e não por psiquiatras, especialistas em psicofarmacologia.

 

É importante prestar atenção não só aos efeitos secundários, mas igualmente à interação entre os vários medicamentos que possa estar a tomar!

 

Por vezes, as pessoas creem ter mais um problema, quando na verdade trata-se de um efeito secundário do medicamento ou de uma interação medicamentosa.

 

Não se automedique, não altere a dosagem nem suspenda a toma de psicofármacos de forma abrupta! Aconselhe-se junto do seu médico.

Referências
Muse, M., & Moore, B. A. (2012)