Tratamento Inovador de Úlceras Varicosas Crónicas

As úlceras varicosas crónicas são das complicações mais debilitantes da insuficiência venosa crónica, afetando não só a qualidade de vida dos doentes, como também representando um custo significativo em termos de cuidados de saúde prolongados, absentismo laboral e limitações nas atividades diárias.

A maioria das úlceras venosas é causada por uma insuficiência venosa prolongada, muitas vezes decorrente de refluxo em veias superficiais como a veia safena. O sangue não circula de forma eficaz, acumulando-se nas pernas e provocando inflamação crónica da pele, que pode evoluir para uma úlcera de difícil cicatrização.

Nos estágios iniciais, é comum surgir uma sensação de peso, desconforto ou cansaço nas pernas, especialmente ao final do dia. Pode também observar-se edema (inchaço), particularmente ao redor do tornozelo, que tende a agravar-se com a permanência prolongada de pé ou sentado. Pequenas alterações cutâneas, como hiperpigmentação (manchas acastanhadas) e prurido (comichão), são sinais precoces de insuficiência venosa.

Com a progressão da doença, os sintomas tornam-se mais evidentes e graves. A pele na zona envolvente pode endurecer (lipodermatoesclerose), surgindo então a ferida aberta característica — a úlcera varicosa —, muitas vezes acompanhada de exsudado (secreção). Em fases mais avançadas, pode haver presença de mau odor, sinal de infecção secundária, e a lesão pode aumentar de tamanho, tornando-se dolorosa e difícil de cicatrizar. Vermelhidão e sensação de calor na área circundante indicam inflamação ou infecção activa.

O diagnóstico da úlcera varicosa é fundamentalmente clínico, baseado numa história médica detalhada e num exame físico cuidadoso. Fatores de risco como antecedentes de insuficiência venosa crónica, episódios prévios de trombose venosa profunda, obesidade, sedentarismo e história familiar são cuidadosamente avaliados.

Durante o exame físico, procura-se confirmar características típicas, como localização junto aos tornozelos, aspecto superficial da úlcera, bordos irregulares, presença de exsudado e sinais de insuficiência venosa adjacentes (edema, varizes visíveis, hiperpigmentação).

Para confirmar o diagnóstico e orientar o tratamento, é frequentemente solicitado um eco-Doppler venoso dos membros inferiores. Este exame não invasivo permite identificar refluxo venoso, incompetência valvular e eventuais obstruções no sistema venoso, elementos essenciais para o planeamento terapêutico.

A primeira etapa essencial no tratamento destas úlceras é eliminar a causa subjacente: o refluxo venoso. Para isso, recorremos ao tratamento com laser endovenoso (EVLT), uma técnica minimamente invasiva que permite, através de calor controlado emitido por uma fibra de laser, o encerramento das veias doentes.

Após a correção da insuficiência venosa com laser, e com a pressão venosa controlada, é possível promover o encerramento mais rápido da úlcera. Para isso, utilizamos técnicas de transplante de pele (enxerto cutâneo autólogo), onde se aplica uma fina camada de pele saudável do próprio paciente sobre a úlcera previamente limpa e preparada.

Este procedimento acelera significativamente a cicatrização, reduzindo o risco de infeções recorrentes e diminuindo o tempo necessário de pensos e vigilância médica constante.

A combinação num único procedimento da correção da causa (laser endovenoso) e do tratamento direto da úlcera (transplante de pele) traz múltiplos benefícios:

✅ Resolução da úlcera, ao tratar a causa e não apenas os sintomas

✅ Cicatrização mais rápida, com menor tempo de limitação física

✅ Redução de custos em tratamentos prolongados e pensos diários

✅ Melhoria significativa da qualidade de vida

Esta abordagem moderna permite oferecer aos nossos doentes uma solução eficaz, segura e com impacto direto na sua recuperação funcional e bem-estar psicológico.