A partir da quarta década de vida, todos nós começamos a ter dificuldades para ver ao perto.
Mesmo aqueles que sempre viram muito bem ao longe, começam a ter dificuldades na leitura e na realização de tarefas que impliquem visualizar pequenos objetos muito próximos, principalmente em situações com pouca luminosidade, com pouco contraste ou quando o cansaço é maior.
Tudo isto se deve ao facto do cristalino, a lente natural do olho situada por trás da íris, perder a sua elasticidade progressivamente, ficando mais rígido e não conseguindo fazer a focagem dos objetos mais próximos.
O tratamento definitivo para este problema passa por retirar este cristalino envelhecido, que começa a não funcionar convenientemente, por uma lente artificial, a qual tem várias graduações, permitindo a focagem dos objetos ao longe e ao perto.
Trata-se duma cirurgia realizada no bloco operatório, com anestesia local, sem internamento e a um olho de cada vez, com 1 ou 2 semanas de intervalo. O doente pode retomar o trabalho poucos dias após o procedimento.
A lente intra-ocular é extremamente bio-compatível, não havendo qualquer perigo de rejeição. É um implante que fica no olho para o resto da vida do doente, não sendo necessário mudá-lo, porque a graduação não se vai alterar. Esta alteração da graduação devia-se principalmente ao envelhecimento do cristalino, não ocorrendo mudança da graduação desta lente artificial com o tempo.
Nas primeiras semanas existe um período de neuro-adaptação à lente. A visão de longe pode não ser perfeita de início. São visíveis alguns círculos luminosos à volta das luzes, principalmente faróis e candeeiros à noite. A visão de perto, para ser ótima, exige uma boa luz e existe uma distância ideal de leitura.
A cirurgia tem duas grandes vantagens. Há um ganho enorme em termos de qualidade de vida, pois as pessoas deixam de ficar dependentes do uso de óculos, sendo este ganho proporcional à graduação que tinham antes do procedimento. Por outro lado, como retiramos o cristalino, evitamos o aparecimento de cataratas um dia mais tarde, pois as cataratas são precisamente a perda de transparência progressiva do cristalino, o qual é retirado com a cirurgia.
As lentes de última geração que implantamos oferecem-nos resultados ótimos, mas nunca são tão perfeitas como um olho jovem a funcionar a 100%. No entanto, em termos de satisfação dos doentes operados e independência de óculos, os resultados são muito bons, com a enorme maioria dos doentes satisfeitos e com uma independência total dos óculos.