Dificuldades Alimentares na Primeira Infância: o fardo emocional dos pais e a resposta da Terapia da Fala

As dificuldades alimentares na primeira infância referem-se a problemas que as crianças enfrentam ao comer, como recusa de alimentos, seletividade extrema ou aversão a certas texturas e sabores. Estas dificuldades podem afetar o crescimento, o desenvolvimento e o bem-estar geral da criança.

As causas são multifatoriais e podem incluir:

• Fatores orgânicos: Problemas médicos como refluxo gastroesofágico ou alergias alimentares.
• Fatores sensoriais: Hipersensibilidade a determinadas texturas, cheiros ou sabores.
• Fatores motores: Dificuldades na coordenação dos músculos envolvidos na mastigação e deglutição.
• Fatores comportamentais: Associações negativas com a alimentação devido a experiências passadas, como episódios de asfixia ou pressão durante as refeições.

Os sintomas podem variar, mas frequentemente incluem:

• Recusa persistente de alimentos: A criança evita consistentemente certos alimentos ou grupos alimentares.
• Seletividade alimentar extrema: Preferência por uma gama muito limitada de alimentos, muitas vezes baseada em textura, cor ou apresentação.
• Refeições prolongadas e stressantes: As refeições tornam-se demoradas e acompanhadas de tensão ou frustração.
• Falta de progressão na introdução de novas texturas: Dificuldade em aceitar alimentos com diferentes consistências apropriadas para a idade.
• Dependência de distrações para comer: Necessidade de utilizar brinquedos, televisão ou outros meios para incentivar a ingestão alimentar.

O diagnóstico requer uma abordagem multidisciplinar. Um terapeuta da fala avalia os aspetos motores orais, sensoriais e comportamentais da criança. Esta avaliação inclui a análise dos padrões de alimentação, desenvolvimento motor oral e possíveis aversões sensoriais, permitindo a elaboração de um plano terapêutico individualizado.

A Terapia da Fala desempenha um papel crucial, incluindo:

• Exercícios para fortalecer a musculatura oral: Melhorando a eficiência na mastigação e deglutição.
• Técnicas de dessensibilização: Reduzindo aversões sensoriais e promovendo a aceitação de diferentes texturas e sabores.
• Orientação aos pais sobre práticas alimentares positivas: Estabelecendo rotinas consistentes e ambientes tranquilos durante as refeições.
• Colaboração com outros profissionais de saúde: Como nutricionistas e psicólogos, para abordar todos os fatores envolvidos nas dificuldades alimentares.

Algumas medidas preventivas incluem:

• Introdução adequada de diferentes texturas e sabores: Respeitando os sinais de prontidão da criança e avançando gradualmente.
• Estabelecimento de rotinas alimentares consistentes: Mantendo horários regulares e um ambiente calmo durante as refeições.
• Educação dos pais e cuidadores: Sobre a interpretação correta dos sinais de fome e saciedade da criança, evitando pressões ou recompensas relacionadas com a alimentação.

Se notar algum dos sintomas mencionados na criança, é aconselhável procurar um terapeuta da fala para uma avaliação detalhada. Uma avaliação precoce, mesmo antes da introdução alimentar, pode ser uma medida preventiva importante para evitar experiências negativas que possam afetar o desenvolvimento alimentar da criança.