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O meu filho tem dificuldades na escrita… Será birra?

publicado em 16 Fev. 2024

A escrita manual desempenha um papel fundamental no processo de aprendizagem das crianças, sendo uma das razões mais comuns para encaminhamento para os serviços de terapia ocupacional. Os terapeutas ocupacionais são os profissionais mais capacitados para ajudar a minimizar o impacto das dificuldades grafomotoras no processo de aprendizagem e no sucesso escolar.

 

O desenvolvimento da escrita não começa apenas quando a criança entra na idade escolar e começa a pegar num lápis. Começa durante a infância quando a criança desenvolve a motricidade fina, indispensável para a escrita. Défices na motricidade fina são frequentemente associados a dificuldades na escrita.

 

Além da motricidade fina e das atividades grafomotoras, existem outras competências importantes envolvidas. A escrita envolve ainda coordenação visuomotora, perceção visual e organização visuoespacial, integração bilateral, planeamento e controlo motor, estabilidade proximal, força das mãos e dos dedos, pega do lápis, cruzamento da linha média, integração sensorial, nomeadamente nos sentidos tátil, propriocetivo, vestibular e visual.

 

A vertente sensorial abrange componentes como graduação da força da mão, ajuste adequado na pega do lápis, posicionamento da cabeça e do tronco, manutenção da postura, dissociação dos segmentos corporais e discriminação visual para produzir uma caligrafia legível.

 

A preensão do lápis é essencial para um bom desenvolvimento sensoriomotor, refletindo-se no processo de escrita da criança. A preensão em tríade é considerada a mais adequada, mas não significa que seja a única pega correta. Deve ser respeitada a individualidade de cada criança, sendo que o terapeuta realiza uma avaliação com o intuito de perceber se a preensão adotada é funcional para a criança em questão. Existem inúmeras atividades que podem ajudar a melhorar a preensão, tais como: descobrir peças pequenas dentro de plasticina, pintar com lápis de cera ou giz partidos, usar pinças para apanhar objetos pequenos, colar autocolantes, jogos com molas e enfiamentos. Além disso, pode haver a necessidade de recorrer a adaptadores de lápis, que devem ser escolhidos respeitando as necessidades específicas da criança.

 

Além de todas as competências supramencionadas, é crucial salientar a importância da motivação intrínseca. A criança deve sentir-se motivada e interessada para a escrita!

 

Em suma, é imprescindível respeitar o desenvolvimento natural de cada criança, proporcionar experiências que a permitam usar a mão de várias formas e introduzir a escrita de forma significativa e prazerosa.

 

Alguma dúvida? Procure a ajuda de um terapeuta ocupacional para uma avaliação minuciosa!