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Perturbações de Ansiedade em Crianças e Adolescentes

publicado em 19 Jun. 2019

 

As Perturbações de Ansiedade são dos motivos mais frequentes de preocupação quando falamos de saúde mental, afetando cerca de 20% das crianças e dos adolescentes ao longo do seu desenvolvimento.

Crianças e jovens ansiosos mostram-se calmos e reservados, passando muitas vezes despercebidas as suas dificuldades por parte dos pais, professores ou outros adultos. Por outro lado, existem jovens com problemas de ansiedade que manifestam inquietação e irritabilidade, podendo ser interpretados erradamente como dificuldades de atenção ou problemas de comportamento.

Ambos os cenários têm resultado numa identificação insuficiente destes problemas e muitas crianças e jovens acabam por não ter acesso às ajudas disponíveis e de que provavelmente necessitam.

É sabido que os problemas de ansiedade, quando não tratados, persistem, na maioria dos casos, até à idade adulta. Verifica-se, assim, uma tendência para o aumento da severidade da ansiedade e para evolução para outros problemas como a depressão, dificuldades escolares e nas relações socais, abuso de substâncias e, globalmente, uma menor qualidade de vida.

Muitos pais destas crianças chegam a referir que notavam algo de diferente com os seus filhos, mas que não reconheceram desde logo, como sendo um problema de ansiedade. Esperaram que fosse “só uma fase”, ou acharam normal pois identificaram que eles mesmos se comportavam de maneira semelhante, enquanto crianças. Como resultado, os pais de crianças e adolescentes com um perfil ansioso sentem-se frequentemente frustrados, sobrecarregados e confusos em relação ao que fazer.

A boa notícia é que existem ajudas disponíveis para a compreensão dos sintomas de ansiedade e para o seu tratamento eficaz. O Psiquiatra da Infância e da Adolescência é um médico especializado na identificação deste tipo de problemas, no seu correto diagnóstico e na elaboração de um plano de tratamento adequado a cada criança ou adolescente e a cada família.
O primeiro passo neste processo é a importante distinção entre sintomas de ansiedade considerados normais, que são frequentes e expectáveis ao longo do desenvolvimento de qualquer criança e a presença de uma Perturbação de Ansiedade. A diferença está na intensidade e na frequência dos sintomas e na interferência que estes problemas têm na sua vida e nas suas atividades.

Nos possíveis sintomas de ansiedade incluem-se, entre outros: medo intenso ou irritação nos momentos de separação dos pais; dificuldade em dormir sozinho ou pesadelos; medo de fazer apresentações ou testes; ter poucos amigos fora da família; recusa de atividades; preocupações frequentes sobre família, escola, amigos ou atividades; pensamentos repetitivos e indesejados; receio de falhar e de se sentir envergonhado perante outros ou baixa auto-estima e insegurança.

A intervenção clínica para estes problemas tem bastante sucesso. O tratamento pode envolver psicoterapia individual da criança ou adolescente, intervenções familiares, articulação com a escola e o recurso a medicação, reservada para os casos de maior gravidade.

Quando os sintomas de ansiedade da criança ou adolescente são intensos ou interferem com o seu funcionamento habitual, os pais devem considerar procurar uma avaliação em Consulta de Pedopsiquiatria.