O cancro da próstata é uma das neoplasias mais comuns nos homens, particularmente a partir dos 50 anos. Em Portugal, representa a principal causa de cancro nos homens e uma das maiores causas de morte por doença oncológica. No entanto, o diagnóstico precoce, aliado a tecnologias cada vez mais avançadas e a abordagens terapêuticas personalizadas, tem melhorado o prognóstico e a qualidade de vida dos doentes.
O papel fundamental da ressonância magnética multiparamétrica (RMmp)
Esta ressonância é hoje um exame incontornável na avaliação dos doentes em risco de cancro da próstata. Este método de imagem permite uma análise detalhada da anatomia e funcionalidade da glândula, combinando sequências morfológicas, perfusão e difusão para identificar áreas suspeitas de malignidade.
A RMmp tem um papel triplo:
- Na fase pré-biópsia, aumenta a deteção de cancros clinicamente significativos e reduz a realização de biópsias
em casos com baixa probabilidade de malignidade; - Na planificação da biópsia, orienta a fusão de imagem com a ecografia em tempo real para guiar a amostragem;
- No estadiamento e decisão terapêutica, fornece informação sobre a extensão local do tumor, envolvimento de cápsula prostática ou vesículas seminais.
A evolução da biópsia: fusão perineal
Com a RMmp a identificar lesões suspeitas, a biópsia de fusão perineal permite uma amostragem precisa dessas áreas. Esta técnica junta as imagens da ressonância com a ecografia em tempo real, permitindo uma orientação tridimensional da agulha de biópsia. A abordagem perineal (em vez da tradicional via transretal) reduz significativamente o risco de infeções e melhora o acesso a zonas anteriormente difíceis, como a região anterior da próstata.
As principais vantagens da biópsia de fusão perineal incluem uma elevada sensibilidade para tumores clinicamente
significativos, uma redução do sobre-diagnóstico e tratamento excessivo e uma maior segurança, com menos complicações
infeciosas e hemorrágicas.
Ecógrafo de Microultrassons: diagnóstico de alta resolução
O ecógrafo de microultrassons é uma inovação recente, com resolução muito superior à ecografia convencional. Utilizando frequências de até 29 MHz, permite visualizar alterações estruturais subtis no parênquima prostático, com imagens em tempo real e elevada definição.
O sistema PRI-MUS, semelhante ao PI-RADS, classifica as imagens obtidas por microultrassons conforme o grau de ris-
co. A vantagem é clara: uma avaliação imediata durante a consulta, sem necessidade de equipamentos de ressonância dispendiosos e demorados. Os microultrassons têm vindo a ganhar espaço na prática clínica, tanto no rastreio como na orientação de biópsias.
Algumas abordagens terapêuticas com intuito curativo
Quando o cancro da próstata é localizado várias opções de tratamento com intenção curativa estão disponíveis. A escolha depende de fatores como a idade, comorbilidades, agressividade do tumor, estadiamento, etc.
Vigilância ativa
Nos casos de cancro de baixo risco, a vigilância ativa permite adiar ou evitar o tratamento curativo, monitorizando a evolução com PSA, ressonância e biópsias periódicas.
Terapêutica Focal: tratamento personalizado e minimamente invasivo
Consiste na destruição dirigida apenas da zona tumoral clinicamente significativa, preservando o restante tecido prostático saudável. É uma técnica com eficácia demonstrada em tumores de risco baixo e intermédio.
Cirurgia (prostatectomia radical)
Consiste na remoção completa da próstata e vesículas seminais, com ou sem linfadenectomia pélvica. Pode ser realizada por via aberta, laparoscópica ou robótica.
Artigo in Revista Mariana agosto 2025