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Cancro do pulmão: do diagnóstico precoce às terapêuticas inovadoras

publicado em 19 Ago. 2019

No mês de agosto assinala-se o Dia Mundial do Cancro do Pulmão, o cancro com maior incidência a nível mundial.

 

Em Portugal, é o quarto tumor maligno em termos de incidência, registando 5284 diagnósticos, em 2018, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde). Também os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que os cancros da laringe, traqueia, brônquios e pulmão corresponderam à principal causa de morte por cancro, em Portugal, em 2017, causando 4552 óbitos.

 

Contudo, falamos de uma doença ou de diversas com esta designação?
Diferenciando-se por características imunohistoquímicas e moleculares que exigem um estudo preciso e rápido, a designação cancro do pulmão engloba um espectro de tumores com diferentes abordagens terapêuticas e prognóstico.

 

Existem dois grandes grupos: o Cancro do Pulmão de Pequenas Células (CPPC) responsável por cerca de 15% dos casos, e o Cancro do Pulmão de Não Pequenas Células (CPNPC), que responde por 85%. Neste último, o tipo histológico, a presença de mutações, a expressão de PD-L1 influenciam a decisão terapêutica, particularmente na doença avançada.
Assim, o tipo de tumor, a sua localização e sintomas, bem como as características do doente são decisivas para a abordagem terapêutica.

 

E quais os fatores de risco?
O tabaco é o principal fator de risco para o cancro do pulmão. Os fumadores têm um risco 20 a 50 vezes superior aos não fumadores. Fatores adicionais incluem exposição a asbestos, poeira radioativa, rádon, poluição ambiental, inflamação cró-nica, infeção VIH, entre outros.

 

Será possível fazer o diagnóstico precoce?
O estudo NELSON, cujos resultados foram apresentados no último congresso mundial de Cancro do Pulmão (World Conference on Lung Cancer), avaliou o impacto da tomografia computorizada (TC) como forma de rastreio. Este ensaio clínico incluiu dois grupos: um efetuou TC torácica de rastreio ao ano 1, 2, 4 e 6,5, enquanto o outro não realizou rastreio. Incluiu fumadores ou ex-fumadores (desde que tivessem deixado de fumar há menos de dez anos), com idades compreendidas entre os 50 e os 74 anos, grandes fumadores, num total de 15 792 pessoas (15822 pessoas assinaram consentimento, mas 30 adoeceram antes de realizar o rastreio). A análise de mortalidade revelou uma redução de 26% do risco de morte nos homens e de 39 a 61%, nas mulheres.

 

Quais são as principais evoluções em termos de terapêuticas sistémicas?
No CPNPC, as terapêuticas alvo e a imunoterapia revolucionaram a abordagem da doença avançada.
Também no CPNPC localmente avançado e irressecável, a realização de imunoterapia poderá ser ponderada, de acordo com a aprovação das entidades reguladoras americanas (FDA) e europeias (EMA), após a realização de quimiorradioterapia.
Em conclusão, esta doença tem elevada incidência e mortalidade, afeta os doentes, os seus familiares /conviventes e a sociedade. A prevenção – com destaque para a cessação tabágica –, o diagnóstico precoce e acesso a cuidados multidisciplinares permitem aumentar a qualidade de vida e a sobrevivência.