Tradicionalmente, a Medicina Dentária tem sido associada à manutenção da higiene oral, dentes saudáveis e gengivas fortes. No entanto, pesquisas recentes mostram que a saúde oral está intimamente ligada à saúde física, incluindo a performance desportiva e postura.
A conexão entre a saúde oral e a performance desportiva não pode ser ignorada, pois muitos atletas/praticantes relatam problemas dentários que prejudicam o seu desempenho desportivo. Muitos, apresentam como diagnóstico: dentes fraturados, ausência de dentes, dores de dentes, sensibilidade dentária, cáries dentárias, recessões gengivais, gengivite, periodontite e infeção bacteriana. Além disso, outros problemas associados, como disfunção temporomandibular (DTM), má oclusão, dores de cabeça, dores no pescoço, dores de ouvidos, tensão muscular na face, foram também identificados como limitadores da performance desportiva.
Destacam-se vários estudos relacionando a saúde oral com a performance desportiva. Constata-se que atletas/praticantes com patologias dentárias têm maior probabilidade de não comparecer ao treino e/ou competição. De acordo com Marron et al. (2020), a doença gengival prevalece e afeta a capacidade de atingir um nível ideal de performance desportiva. A infiltração de bactérias no periodonto, afeta adversamente o metabolismo da glicose, comprometendo a resistência física e a manutenção dos níveis elevados de performance desportiva. A ingestão elevada de hidratos de carbono e bebidas energéticas nos diversos ciclos de treino aumentam o grau de aparecimento de cáries dentárias.
Portanto, é crucial que os atletas mantenham a vigilância da higiene oral por um médico dentista e procurem tratamento imediato em caso de qualquer problema dentário.
No desporto é comum o aparecimento de lesões dentárias de origem traumática, e várias medidas são propostas. Goteiras de proteção e capacetes individualizados são eficazes na redução do risco de lesões dentárias.
A articulação temporomandibular (ATM) é uma articulação primordial para uma boa condição oral e física. Distúrbios nesta articulação (DTM) são conhecidos por causar dor localizada, mandibular, maxilar, dentária, muscular (cabeça e pescoço), prejudicando a performance desportiva. As alterações posturais e descompensações musculares podem ter origem na ATM e, muitas lesões musculares de atletas/praticantes podem ter origem numa disfunção temporomandibular.
Várias opções de tratamento são propostas para controlar os distúrbios temporomandibulares, incluindo abordagens conservadoras e não invasivas, como goteiras oclusais ou de proteção que atenuam o aperto e/ou ranger dentário, que comumente ocorre durante o momento competitivo.
A medicina dentária desportiva desempenha um papel integral na otimização da performance desportiva e incorpora tratamentos preventivos no contexto competitivo em que cada atleta/praticante está inserido.
