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Excesso de peso e obesidade infantis: agir para um futuro saudável

publicado em 30 Mai. 2021

O excesso de peso e a obesidade caraterizam-se pela acumulação excessiva de gordura. Constituem um problema de saúde pública global, tanto no adulto como na população pediátrica, com tendência crescente nas últimas décadas.

 

Na idade pediátrica, a obesidade é duas vezes mais comum do que era há 30 anos, sendo que 1 em cada 3 crianças/adolescentes tem peso excessivo. A nível mundial, 38 milhões de crianças com idade inferior a 5 anos apresentavam excesso de peso ou obesidade, em 2019. Se as tendências atuais persistirem, prevê-se que, até 2025, 70 milhões de crianças com idade inferior a 5 anos estarão acima do peso ideal. Já no grupo etário entre os 5 e os 19 anos, em 2016, 340 milhões de crianças/adolescentes sofriam desta doença. (1) Também em Portugal, dados de 2019 revelaram que 30% das crianças com idade entre os 6 e 8 anos tinham excesso de peso ou obesidade. (2) Verifica-se ainda que crianças e adolescentes obesos tendem a tornar-se adultos obesos, o que realça a importância de atuar precocemente neste grupo etário. (1)

 

Esta tendência crescente irá, provavelmente, agravar devido à pandemia COVID-19, a qual obrigou a que as crianças e adolescentes permanecessem a maior parte do dia em casa, assistindo a aulas virtuais, com impacto nos seus hábitos de vida. Sendo a dieta inadequada, o baixo nível de atividade física, o tempo excessivo de ecrãs e o sono irregular os principais fatores de risco estabelecidos para o excesso de peso e obesidade, é provável que o confinamento durante estes meses tenha contribuído para o seu agravamento.

 

O método de avaliação mais comumente usado para saber se o peso se adequa à altura é a determinação do índice de massa corporal (IMC), que é obtido pela razão entre o peso e o quadrado da altura. Na pediatria, a definição de excesso de peso e obesidade varia com a idade, utilizando-se as curvas de IMC e respetivos percentis para a correta classificação do estado nutricional.

 

Apesar de o excesso de peso e a obesidade infantis serem geralmente resultado de um estilo de vida pouco saudável, é importante excluir doenças como o hipotiroidismo e o hipercortisolismo como possíveis causas para o peso excessivo. Além disso, crianças e adolescentes obesos têm maior risco de desenvolver determinadas doenças, que devem ser rastreadas regularmente (hipertensão arterial, colesterol alto, resistência à insulina e diabetes mellitus tipo 2 e fígado gordo), assim como maior risco de agravamento de outras doenças já existentes (asma, síndrome de apneia obstrutiva do sono, doença mental e infeções como a COVID-19).

 

Deste modo, para além da importância da adoção de atitudes que previnam o desenvolvimento desta doença, é fundamental o acompanhamento multidisciplinar, nomeadamente médico e nutricional. O papel do médico pediatra especialista em obesidade passa pelo diagnóstico da doença, exclusão de causas secundárias, identificação precoce de complicações e orientação no tratamento adequado e eficaz.

 

Se o seu filho tem excesso de peso ou obesidade, não fique indiferente; é tempo de agir para um futuro saudável.

 

  1. Dados da Organização Mundial da Saúde.
  2. Dados da Direção-Geral da Saúde – COSI (Childhood Obesity Surveillance Initiative).